9 de nov. de 2010

É o fim do mundo como o conhecemos...

Blog Carlos Orsi 04/11/2010

Se um asteroide parecido com o que caiu no México há 65 milhões de anos e causou a extinção dos dinossauros atingisse a cidade de São Paulo amanhã, o que aconteceria? A cratera aberta iria um pouco além de Campinas:


Se você estiver, digamos, no Rio de Janeiro, isso pode parecer uma boa notícia, mas nem tanto. Cerca de 12 segundos após o impacto, a bola de fogo gerada pela colisão chega ao Rio.

O brilho é mais de 100 vezes maior que o do Sol. A grama, as árvores, livros e jornais pegam fogo, bem como a roupa no corpo das pessoas, que sofrem queimaduras de terceiro grau. A bola de fogo é assim:


Se, em vez do Rio, você estiver no Recife, Pernambuco, a bola de fogo não será um problema, mas mesmo assim a destruição da capital paulista não passará despercebida.
Cerca de 7 minuto após o impacto, o chão treme um pouco — o suficiente para fazer cair quadros das paredes ou acordar pessoas que estejam dormindo. Os efeitos sísmicos do impacto serão, de fato, sentidos em boa parte do hemisfério, e até na África:

Mas o principal efeito para quem estiver na capital de Pernambuco será o vendaval. Uma hora e meia depois do impacto, uma muralha de ar em alta pressão varrerá a cidade.
Prédios serão derrubados, janelas explodirão e árvores serão arrancadas do solo, tudo acompanhado por um estrondo de quase 100 decibéis. A bolha de ar do impacto será sentida até no Chile e na Bolívia:

Em Bogotá, o estrondo chega como um som comparável ao do trânsito pesado nas ruas da cidade, e o terremoto também se faz sentir. Mas talvez o efeito mais notável, a essa distância, seja a chuva das cinzas de São Paulo e do material lançado ao ar pelo choque: ela começa a cair sobre a capital da Colômbia cerca de 21 minutos após o impacto e se acumula no chão numa espessura de quase 2 centímetros. A distribuição global dos restos cremados da cidade é esta:


Isso pode soar um pouco humilhante, mas a destruição de São Paulo não causará mudanças perceptíveis no eixo ou no movimento da Terra.
O intervalo médio entre impactos desse tipo na história de nosso planeta é estimado em 22 milhões de anos. Como o último conhecido foi há 36 milhões, talvez estejamos tendo um pouco mais de sorte do que os dinossauros.
Todas as informações desta postagem saíram do sistema Impact: Earth! criado por cientistas da Universidade Purdue, do Reino Unido, e que inclui a interface com o Google Earth da onde vieram os impressionantes mapinhas acima.
O Impact: Earth! é uma atualização do Impact Calculator desenvolvido na Universidade do Arizona anos atrás, e que sempre foi uma de minhas páginas favoritas na web.
Agora, é possível acessar não apenas a velha interface do “calculator” — basicamente, uma página de texto com caixinhas para preencher com números como massa do asteroide, local do impacto, velocidade, etc — como também usar uma interface gráfica que oferece, de lambuja, os parâmetros de alguns impactos famosos, como o da extinção dos dinossauros e o de Tunguska, na Sibéria.



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