10 de dez. de 2010

Chama gigante é observada no Sol

Scientific American Brasil - 08/12/2010

Ponte de matéria de 700 mil quilômetros é lançada no espaço sob efeito de explosões que atingem o corpo gasoso solar.


SDO/Nasa


POR ULISSES CAPOZZOLI


Uma enorme explosão solar, que ejeta matéria a até 700 mil quilômetros sobre a superfície da estrela aflora, desde domingo, junto ao pólo sul solar, de acordo com imagens distribuídas hoje (7/12) pela agência espacial americana, Nasa.

O atual ciclo de explosões solares, o 24º, desde que começaram a ser observados com fins científicos, deve ter seu pico de intensidade em maio de 2013. Mas essa é apenas uma previsão, já que o ciclo médio de 11 anos, entre as fases de máxima e mínima atividade solar, varia entre 9 a 14 anos.

Nos períodos de máxima intensidade, como ocorre agora, satélites que transmitem imagens de televisão podem ser afetados, fazendo com que os sinais sejam interrompidos por alguns minutos. Entre outras conseqüências, isso faz com que as explosões solares sejam percebidas por um número significativo de pessoas, ao contrário do que ocorria no passado, quando a existência de serviços baseados em satélites em órbita não existiam ou estavam restritos a uma elite.

As explosões que ocorrem neste momento, no entanto, a exemplo do que já foi observado no passado podem afetar até mesmo a eficiência de redes de transmissão de energia elétrica, especialmente em regiões mais próximas dos pólos. Isso porque um escudo magnético desvia chuva de partículas produzidas por essa atividade e que afeta todo o interior do Sistema Solar, incluindo a Terra, a 150 milhões de quilômetros do Sol.

Se o pico de atividades, que também produz as incríveis auroras solares, afeta instrumentos eletrônicos em órbita e mesmo na superfície do planeta, a fase de mínimo solar também tem impactos. Neste caso, a ausência de explosões implica em quedas de temperaturas na Terra, o que resulta em menos evaporação e, em consequência, redução nas chuvas com impacto na produção agrícola, entre outras atividades.

Para compreender as explosões solares é preciso levar em conta, basicamente, que o Sol é uma enorme bomba atômica, mais especificamente uma bomba de hidrogênio, em atividade há 5 bilhões de anos. A cada segundo o Sol transforma aproximadamente 600 mil toneladas de hidrogênio em hélio, por um processo que os físicos chamam de reação de fusão, neste caso numa reação próton-próton.

Isso significa que as pessoas não devem alarmar-se com notícias de que enormes pontes de matéria emergem da superfície solar, produzem chamas visíveis mesmo com pequenos telescópio e voltam a precipitar-se na superfície da estrela.

Mas, atenção: proprietários de pequenos telescópios não devem observar a estrela com esses equipamentos sob pena de terem severa queima de retina e ficarem cegos. Para observação solar direta é necessário o uso de filtros especiais. Ou, de forma ainda mais segura, projetar a imagem em um pequeno painel.

Explosões solares estão associadas a manchas que se manifestam na superfície solar. Elas resultam de campos magnéticos torcidos que atravessam o corpo esférico do Sol e podem ser observadas em hemisférios opostos dessa estrela. Essas linhas magnéticas, segundo físicos solares, inibem a ascensão de energia do coração do Sol até sua superfície e daí para o Sistema Solar e mesmo fora dessa região, quando a chuva de partículas, o vento solar, interage com a atividade de estrelas vizinhas, como o sistema estelar triplo de Alfa do Centauro, a 4,3 anos-luz de distância.

Além de sistemas eletrônicos a bordo de satélites em órbita, e mesmo instrumentos em Terra, astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, devem ter proteção especial e não realizar operações externas (EVA) fora da proteção da estação.

Apesar da ponte observável no Sol neste momento, previsões são de que o ciclo atual deve ser o mais ameno desde 1928, durante o 16º ciclo de observações, segundo previsões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOOA) dos Estados Unidos.

Uma grande tempestade solar, ocorrida em 1859, conhecida como “Evento de Carrington” provocou, entre outros efeitos, incêndios em equipamentos de telégrafos e auroras polares tão intensas que permitiam a leitura de jornais mesmo durante a noite, no caso do hemisfério norte já que, nessa época, a Antártida ainda não estava equipada com as atuais estações de pesquisa científica.

Dados da Academia Nacional de Ciência, nos Estados Unidos, estimam que a repetição de uma tempestade dessa magnitude agora produziriam danos de até U$ 2 bilhões e exigiria até 10 anos de trabalhos para recuperações.

2 comentários:

  1. Parabéns
    ULISSES CAPOZZOLI
    Por se dedicar a pesquisa desses eventos
    de suma importância para a vida neste planeta.
    SUCESSO
    Abraços
    Marcos Albuquerque

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  2. gostei muito dos assuntos abordados
    e é de muito interesse meu
    estou te seguindo, ok?

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