17 de mai. de 2011

Tudo Azul no céu do Rio de Janeiro

Observatório Nacional - 17/05/2011


O Rio de Janeiro foi escolhido pelo National Physical Laboratory como a cidade que tem o céu mais azul dentre as cidades de 20 países, tais como: Nova Zelândia, Austrália, Fiji, África do Sul, etc.

Pesquisadores desse instituto de ciências aplicadas utilizaram um espectrômetro para realizar o trabalho. Esse instrumento óptico é usado para medir as propriedades da luz em uma determinada faixa do espectro eletromagnético.

No entanto, apesar de ser um centro de desenvolvimento e aplicação de normas de medidas precisas, não podemos considerar que essa afirmação, publicada no artigo World's bluest sky revealed seja cientificamente conclusiva em termos absolutos. A notícia foi veiculada no physicsworld.com, um site que divulga notícias, opiniões e informações para a comunidade mundial ligada em física.

Mas o céu é azul?

Astronomicamente falando o céu não é azul. O céu ou espaço interestelar é preto. Na verdade esse assunto foi motivo de muito estudo científico, iniciado em 1859, com o físico Inglês John Tyndall, continuado pelo Lord Rayleigh e finalmente concluído matematicamente, em 1911, por Albert Einstein.

Acontece que a luz do Sol, ao entrar na atmosfera da Terra, atravessa uma infinita quantidade de moléculas de oxigênio (O2) e nitrogênio (N2), provocando um espalhamento da luz, produzindo assim a aparente cor azul do céu, vista da superfície do nosso planeta. À noite o céu não é azul!

Mas por que ao entardecer o céu fica avermelhado?

Quando o Sol está se pondo, a sua luz é vista (observada) segundo um ângulo muito rasante. Isso faz com que essa luz tenha que atravessar uma camada bem mais espessa da atmosfera terrestre, aumentado o espalhamento e consequentemente fazendo a imagem do Sol parecer amarelada, alaranjada ou avermelhada, ao invés da sua intensa e ofuscante cor branca.


Mas por que o céu é escuro no espaço se existem bilhões de estrelas?

Essa é fácil: no espaço interestelar não existem moléculas, portanto não há luz espalhada. Por não haver esse espalhamento da luz das estrelas, o espaço que nos envolve é escuro, quase negro.

Mas essas BILHÕES de estrelas, produzindo luz própria, não seriam capazes de dar uma "clareadinha" no espaço sideral?

Não, pois essas BILHÕES de estrelas, que formam as galáxias, mais as nuvens de gás e poeira cósmica, equivalem a 5% de todo o Universo que conhecemos. Ou seja, aproximadamente 95% do Universo são desconhecidos. Portanto, tem muito "espaço" e pouca "matéria".


Voltando ao assunto da notícia...

O céu do Rio de Janeiro fica mais "azul" na Estação do Inverno (se é que tem inverno no Rio...). É a estação do ano em que os astrônomos têm as melhores imagens do céu. Devido à temperatura fria e pouca chuva, toda a poluição do ar, névoa, nuvens, cirrus, etc, são depositadas na superfície da Terra (no caso, a cidade do Rio). Isso faz com que o céu fique muito limpo. Uma boa experiência é olhar para as montanhas num final de tarde de inverno e apreciar a nitidez do seu contorno. Pode-se ver com grande definição a separação Montanha-Céu.

O inverno começará no dia 21 de Junho de 2011 às 14h 16m e será possível observar, realmente, um céu muito limpo e "azul". Vale à pena aproveitar os três meses dessa estação.

Em tempo: a água do mar também não é azul. Ela só reflete a aparente cor azul do céu.

Se alguém lhe convidar para ir à praia, falando aquela frase popular: "...a água da praia está azulzinha", por favor não entre nela, pois certamente estará poluída. A água do mar pode até ficar verde, devido à grande proliferação de Algas Marinhas, mas azul, nem pensar! A água que bebemos não é azul, pois ela deve ser insípida, inodora e incolor (lembra das aulas de ciências no curso secundário?).


Finalmente, como diria Gilberto Gil, "O [céu do] Rio de Janeiro continua lindo...".

Aquele abraço!

Dr. Carlos Henrique Veiga
Divisão de Atividades Educacionais
Observatório Nacional/MCT

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