27 de jan. de 2012

Pesquisador explica a existência do ano bissexto

Observatório Nacional
27/01/2012

O acréscimo de um dia ao calendário civil é feito para compensar a defasagem de seis horas anuais decorrente do período de translação da Terra

Este ano o mês de fevereiro terá 29 dias, pois 2012 é o chamado ano bissexto, com 366 dias. O acréscimo de um dia ao calendário a cada quatro anos é feito para compensar a defasagem dos anos anteriores, levando em conta o período de translação da Terra – aproximadamente 365 dias e 6 horas, ou precisamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos.

Anualmente há uma diferença aproximada de seis horas, que a cada quatro anos totaliza 24 horas, correspondendo, portanto, a um dia que é somado ao nosso calendário. Assim, nos anos bissextos, o mês de fevereiro tem 29 dias, ajustando o calendário civil ao calendário astronômico.

O pesquisador João Luiz Kohl Moreira, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional (ON), explica que os calendários são convenções para organizar a vida civil, observar as obrigações religiosas e marcar os eventos científicos.

Segundo Kohl, o ano bissexto foi introduzido pelo imperador romano Júlio César, em 45aC, com uma reforma no calendário encomendada a um astrônomo chamado Solsígenes, da Escola de Alexandria (Egito), que adotou o ano de 365 dias e 6 horas.

Atualmente, porém, a maioria dos países adota o calendário Gregoriano, estabelecido em 1582, pelo Papa Gregório XIII, que apresenta uma pequena variação em relação ao calendário Juliano. Naquele ano foram suprimidos 10 dias do mês de setembro para corrigir a diferença entre as 6 horas, definidas por aproximação, e as reais 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos. Nessa mudança, pelo mesmo motivo, foi definido que os finais de séculos só seriam bissextos quando divisíveis por 400.



26 de jan. de 2012

Sol tem maior tempestade em seis anos

BBC Brasil
A Nasa divulgou imagens da tempestade solar mais forte registrada nos últimos seis anos.


A radiação solar entrou em contato com a atmosfera da Terra. Em países do norte da Europa, foi possível enxergar um fenômeno conhecido como aurora boreal, com luzes de tons verdes no céu.

A aurora boreal geralmente só é observada muito mais ao norte, mais próxima do polo.

Uma companhia aérea americana que faz a rota entre o norte dos Estados Unidos e a Ásia alterou o percurso dos seus aviões que passam pelo círculo polar ártico, temendo que o choque da radiação solar com a atmosfera terrestre afetasse a aeronave.

Cientistas afirmam que a radiação decorrente das tempestades solares não oferece riscos a saúde das pessoas. No entanto, alguns satélites podem ser afetados.

Mercadante destaca avanços e diz que deixa o MCTI em boas mãos

MCTI
25/01/2012 - 15:25

A criação do Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o fortalecimento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) e o sucesso inicial do programa Ciência sem Fronteiras (desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação). Essas foram algumas das iniciativas elencadas pelo ex-ministro Aloizio Mercadante ao fazer o balanço do período que esteve no comando do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI).

Na cerimônia de transmissão do cargo ao físico Marco Antonio Raupp, nesta terça-feira (24), em Brasília, Mercadante enfatizou a importância da ciência, tecnologia e inovação ter sido colocada pelo governo e pelo ministério como eixo estruturante do desenvolvimento do Brasil. “Pela primeira vez está no Plano Plurianual como um dos marcos e objetivos estratégicos do país. E é um ministério que está pensando a nova economia brasileira”, frisou.

Ele destacou o perfil exigente da presidenta Dilma Rousseff e aconselhou o novo ministro quanto ao rigor exigido na apresentação dos projetos. Exaltou, ainda, o currículo de Raupp e a atuação de ex-ministros da pasta. “O ministério não podia estar em melhores mãos por essa trajetória, por essa competência. Eu tenho absoluta segurança e tenho certeza de que a presidenta também, pela escolha do seu nome para dar continuidade a esse projeto republicano de Estado que é o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação”, disse.

A criação da Embrapii foi um dos exemplos citados dentro da nova estratégia nacional. Para essa empresa, disse o ex-titular do MCTI, estão sendo reunidos os melhores laboratórios e centros de pesquisa do país. “Já estamos com sete laboratórios de ponta para atender a demanda da indústria”, informou. Para Mercadante, que incluiu o termo inovação no nome do Ministério da Ciência e Tecnologia, inovar e criar uma cultura de inovação é fator decisivo para a competitividade do país “Nós não podemos ter no empresariado uma postura passiva diante da inovação tecnológica. O Brasil hoje é a sexta economia do mundo, nós temos poder de negociação e temos que dar um salto”, disse o economista a uma plateia de autoridades, representantes da comunidade científica e parlamentares.

A criação do Cemaden, instalado em Cachoeira Paulista (SP), também mereceu atenção especial durante a gestão do ministro do MCTI. Ele ressaltou o nível de complexidade e competência dos técnicos do grupo, que utilizam grande painel de controle para fazer as previsões. “Eles estão lá hoje 24 horas por dia, todos os dias do ano, preparando os alertas e permitindo que a gente possa amenizar e mitigar o impacto desse desequilíbrio climático que todos nós estamos assistindo nestes últimos anos”, afirmou.

Importar conhecimento

O agora ministro da Educação também destacou do Programa Ciência sem Fronteiras, coordenado pela pasta em parceria com o MCTI, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI). De acordo ele, o portal do programa recebeu 20 milhões de acessos desde 13 de dezembro último, além de 28 mil inscrições nesta segunda etapa para concessão de bolsas a estudantes brasileiros nos Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália e Alemanha. “Nós vamos expandir esse programa, não só mandando jovens de talento – escolhidos democraticamente, pelo desempenho do Enem, na graduação – mas também doutores e pós-doutores”, comentou Mercadante. “E estamos atraindo jovens talentos, doutores e pesquisadores de nível de prêmio Nobel. Eles ficarão três anos trabalhando no Brasil e fazendo pesquisa. Chega de exportar cérebro; nós queremos importar conhecimento, formar uma geração para estar na ponta da ciência internacional”, disse.

Entre os avanços de 2011, ele citou ainda o fortalecimento da Finep, que aumentou em 54% o volume de crédito e reduziu em 58 % o tempo de análise de projetos. Os avanços das negociações na área espacial, a compra de um novo navio oceanográfico para pesquisas, a parceria com o Ministério da Defesa e a nova política industrial e de incentivo na área de tecnologia da informação foram incluídos pelo ex-ministro no balanço de gestão.

Como última medida no MCTI, Aloizio Mercadante anunciou um novo mecanismo a ser adotado na pasta, com a vinculação estratégica de temas às respectivas secretarias. Assuntos relacionados à Tecnologia da Informação serão direcionados à Secretaria de Política de Informática (Sepin), pesquisa e biodiversidade à Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), institutos à Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec), espacial à Agência Espacial Brasileira (AEB). As áreas físicas, nuclear, mineral e de materiais à atual Subsecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa (Scup), que ganhará status de secretaria especial.



25 de jan. de 2012

Raupp assume MCTI prometendo maior aproximação entre ciência e setor produtivo

Agência Brasil 24/01/2012

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil




Brasília – O novo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, assumiu a pasta hoje (24) prometendo aumentar a colaboração entre a geração de conhecimento no meio científico e o desenvolvimento de pesquisa nas empresas privadas. “Uma das necessidades que se impõem é a construção de um modelo que faça a aliança entre o conhecimento científico e a economia”, disse.

O tom do discurso de 18 páginas lido na sede do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília, soa afinado com as políticas em andamento no governo para aumentar a pesquisa e a inovação tecnológica, como ocorre com os programas Ciência sem Fronteiras e Brasil Maior, lançados no primeiro ano do governo Dilma Rousseff com a participação do antecessor Aloizio Mercadante, a quem Raupp prometeu “dar continuidade ao trabalho”.

O Brasil é um dos 13 países com maior produção científica (ranking baseado na produção de artigos científicos publicados em revistas especializadas), mas ocupa o 47º lugar em inovação, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, em comparação aos países que mais desenvolvem tecnologia, o Brasil tem a menor participação empresarial nos investimentos para a geração de processos e equipamentos inovadores.

No Brasil, o Estado, incluindo a Petrobras, é o principal agente investidor em pesquisa e desenvolvimento (total de 1,2% do Produto Interno Bruto). Para estimular a participação do capital privado na inovação, Raupp promete aumentar as parcerias público-privadas como é o caso da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapi), criada por Mercadante em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A expectativa é que a “Embrapa da indústria” comece a funcionar no próximo mês, colocando à disposição das empresas laboratórios de tecnologia como o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e centros de alto desempenho do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Raupp, que deixou a presidência da Agência Espacial Brasileira (AEB), elaborou no ano passado uma política espacial contando com a parceria da Telebras com a Embraer para construção do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB). Segundo o novo ministro a criação dessas parcerias é estratégica. “O desenvolvimento não acontece espontaneamente. É preciso criar estruturas específicas para que seja cumprido o papel econômico e social da ciência brasileira”.

Durante a solenidade de assinatura do termo de posse no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff orientou que seja mantido o “casamento” entre o MCTI e o Ministério da Educação (para onde foi Mercadante), que mantêm em conjunto o Programa Brasil sem Fronteiras.

Segundo Raupp, um dos conselhos do ministro Mercadante é não levar apenas demanda de despesas para o Palácio do Planalto, mas projetos que estejam bem elaborados e resistam desde a fase de “espancamento” na primeira sabatina feita pela presidenta até a discussão sobre “a nona casa decimal” do Orçamento.

Edição: Aécio Amado


José Cruz/ABr
AgenciaBrasil24012012JC2194a
Brasília - O ex-ministro e o novo da Educação, Fernando Haddad e Aloizio Mercadante, cumprimentam-se, tendo ao centro o novo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, durante posse no Palácio do Planalto.

24 de jan. de 2012

Dilma dá posse a ministros da Educação e da Ciência nesta terça

G1 - 24/01/2012


 
Marco Antonio Raupp assume lugar de Mercadante, que vai para o MEC.
Cerimônia será no Palácio do Planalto e contará com a presença de Lula.

A primeira troca ministerial de 2012 do governo Dilma Rousseff será efetivada na tarde desta terça-feira (15) com a posse, prevista para as 15h, de Aloizio Mercadante no Ministério da Educação e de Marco Antonio Raupp para o Ministério de Ciência e Tecnologia.

A mudança ocorre por causa da saída do governo de Fernando Haddad, que deixa a pasta da Educação para disputar a Prefeitura de São Paulo. Atual presidente da Agência Espacial Brasileira, Raupp assume pasta até então ocupada por Mercadante durante o primeiro ano de governo da presidente Dilma.

De acordo com o Planatlo, a posse terá discursos de Haddad, Mercadante, Raupp e Dilma. Nesta segunda (4), os três auxiliares da presidente estiveram presentes à cerimônia em comemoração a marca de 1 milhão de bolsas concedidas pelo Prouni (Programa Universidade para Todos). Eles também participaram da primeira reunião ministerial do ano.

A posse será no Salão Nobre do Palácio do Planalto e contará com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de estar em tratamento contra um câncer na laringe, ele decidiu se deslocar de São Paulo a Brasília para prestigiar o evento.

Haddad assumiu o cargo de ministro da Educação no governo Lula e permaneceu na função no primeiro ano de governo de Dilma. O ex-presidente foi o principal articulador de sua candidatura nestas eleições. Já Mercadante foi líder do PT no Senado nos dois últimos anos de mandato do ex-presidente.

Lula sai de São Paulo entre 12h30 e 13h e chega a Brasília por volta das 15h. Antes, petista faz sua 15ª sessão de radioterapia, no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto Lula informou que o ex-presidente retorna a São Paulo ainda na noite desta terça, pois na quarta-feira (25) terá outra sessão de radioterapia pela manhã.

Biografias

Escolhido por Dilma para substituir Mercadante, Marco Antonio Raupp tem um perfil estritamente técnico. Diretor da Agência Espacial Brasileira desde março de 2011, Raupp é graduado em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é PhD em matemática pela Universidade de Chicago e livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP).

Já Mercadante é formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre pela Universidade de Campinas (Unicamp). Está licenciado do cargo de professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Unicamp.

Como ministro de Ciência e Tecnologia do governo Dilma, ele defendeu a capacitação no exterior de estudantes brasileiros e a abertura de vagas em concursos públicos para profissionais estrangeiros.

Considerado pelo Planalto um ministro "dedicado", Mercadante lançou em julho de 2011 o programa Ciência sem Fronteiras, que prevê a concessão de 100 mil bolsas de estudos nas principais universidades do exterior para estudantes, desde o nível médio ao pós-doutorado. A gestão do ministro à frente do Ministério de Ciência e Tecnologia foi marcada ainda pelas negociações para a fabricação no Brasil de tablets e smartphones.



19 de jan. de 2012

Governo anuncia novo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação

MCT

18/01/2012 - 20:08


A Presidência da República anunciou que o ministro Aloizio Mercadante deixará o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para assumir o Ministério da Educação no lugar de Fernando Haddad, e que o atual presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), Marco Antônio Raupp, será o novo titular do MCTI.

A nota, da Secretaria de Comunicação Social, informa a data de posse e transmissão de cargo dos novos ministros – 24 de janeiro – e transmite elogio da presidenta Dilma ao trabalho realizado por eles.

Leia o texto na íntegra.

"Nota à imprensa - escolha dos novos ministros da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação


O ministro Fernando Haddad está deixando o Ministério da Educação depois de prestar relevantes serviços ao país. Ele será substituído no cargo pelo atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante.
O novo titular do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação será o atual presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antônio Raupp.


A presidenta da República, Dilma Rousseff, agradece o empenho e a dedicação do ministro Haddad à frente de ações que estão transformando a educação brasileira e deseja a ele sucesso em seus projetos futuros. Da mesma forma, ressalta o trabalho de Mercadante e Raupp nas atuais funções, com a convicção de que terão o mesmo desempenho em suas novas missões.


A posse e a transmissão de cargo dos novos ministros serão realizadas no próximo dia 24 de janeiro.


Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República"




Marco Antonio Raupp e Aloizio Mercadante (fundo)
durante posse na Agência Espacial Brasileira,
em março do ano passado (Marcello Casal Jr./ABr)





17 de jan. de 2012

Cientistas listam 4 novas descobertas sobre o Universo

BBC Brasil - Atualizado em 17 de janeiro, 2012


A verdadeira cor da Via Láctea, exoplanetas, um observatório voador e a matéria escura estão entre as últimas descobertas da astronomia.

No último congresso da Sociedade Astronômica Americana, realizado em Austin, nos Estados Unidos, de 8 a 12 de janeiro, especialistas de todo o mundo apresentaram os últimos desenvolvimentos no estudo do cosmos.

Embora não se conheça vida fora da Terra, para os especialistas estamos iniciando uma nova era no que diz respeito ao nosso conhecimento sobre outros planetas.

"O telescópio Kepler e as microlentes gravitacionais estão abrindo uma espécie de nova era para a descoberta dos planetas", diz James Palmer, especialista em ciência da BBC.

Mais planetas são revelados e novas formas de observação e ferramentas acrescentam dados que ajudam a esclarecer, aos poucos, alguns mistérios do espaço. Veja alguns deles.

A verdadeira cor da Via Láctea

A cor da Via Láctea pode definir a idade da galáxia, segundo os pesquisadores (Foto: Nasa)

A aparência branca da Via Láctea vista da Terra é, na verdade, resultado de um jogo de luz.

"Para os astrônomos, um dos parâmetros mais importantes é a cor das galáxias. Isso nos indica a idade das estrelas", diz Jeffrey Newman, da Universidade de Pittsburgh

Uma comparação entre várias galáxias também teve um resultado pouco surpreendente: a cor é de fato branca.

A novidade, no entanto, refere-se à tonalidade específica.

Trata-se do branco da neve da primavera logo depois do amanhecer ou antes do entardecer, segundo os pesquisadores, o que poderá trazer informações sobre a idade da Via Láctea.

Até então, um problema recorrente para detectar a tonalidade era a poeira espacial que interfere nos observatórios instalados na Terra.

Cientistas encontraram vários exoplanetas, girando em torno de outras estrelas (Foto: Nasa)

Estrelas e planetas

Usando uma microlente gravitacional, a equipe de cientistas encontrou uma série de exoplanetas (que estão fora do sistema solar) girando em torno de outras estrelas. A descoberta indica a existência de milhões de outros planetas, apenas na Via Láctea.

O método que permitiu a descoberta consiste em usar a gravidade de uma estrela grande para amplificar a luz de estrelas ainda mais distantes e com planetas ao seu redor.

Os astrônomos usam uma série de telescópios relativamente pequenos, conectados em rede, e através destes observam o raro evento de uma estrela passando diante da outra, como se vê da Terra.

A equipe de cientistas usou recentemente esse sistema para observar planetas e ainda que o número de descobertas tenha sido relativamente pequeno, pode-se chegar a uma estimativa de quantos podem existir na galáxia.

Embora o telescópio Kepler seja a principal ferramenta para descobrir novos exoplanetas nos últimos anos, as microlentes são melhores para localizar planetas de todos os tamanhos e em diferentes distâncias.

"Apenas nos últimos 15 anos fomos de nenhum planeta conhecidos além do sistema solar aos 700 que temos hoje", diz Martin Dominik, da Universidade de Saint Andrews, no Reino Unido.

Observatório voador

O congresso também mostrou dados captados por um telescópio bastante incomum, cuja particularidade é estar instalado na carcaça de um avião 747.

O grande feito do Sofia (Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha) foi captar imagens do que parece ser uma estrela em formação.

"Esta parte da Nebulosa de Órion tem sido observada por décadas. É o mais próximo da formação de uma estrela na galáxia, o que nos dá a melhor medida de como as estrelas se formam”, explica o professor James De Buizer, da Universities Space Research Association (USRA).

Com 15 toneladas, o telescópio é montado em um suporte giratório para que possa permanecer com suas lentes fixas nas estrelas.

Ele foi projetado especialmente para analisar o cosmos na porção infravermelha do espectro eletromagnético, uma vez que os telescópios instalados na Terra não conseguem enxergar essa parte porque o vapor de água na atmosfera absorve essa luz infravermelha.


A matéria escura não emite radiação e não pode ser observada por telescópios (Foto: Nasa)
Os mistérios da matéria escura

No congresso, uma equipe franco-canadense apresentou as maiores imagens já vistas da chamada matéria escura, a misteriosa substância que compõe 85% do universo.

As imagens cobrem um espaço cem vezes maiores que aquele até então captado pelo telescópio Hubble e são compatíveis com as teorias em voga até então.

Na nova imagem, os aglomerados de matéria escura podem ser visto circundando as galáxias, conectados por filamentos soltos de matéria escura.

A professora Catherine Heymans, da Universidade de Edimburgo, explica que "as teorias da matéria escura indicavam que ela formaria uma intrincada e gigante rede cósmica".

É exatamente o que vemos nesses dados, uma rede cósmica abrigando as galáxias", diz.

A matéria escura não emite nenhum tipo de radiação eletromagnética e por isso não pode ser observada, sozinha, por telescópios. Ela pode, no entanto, ser detectada por meio de um estudo de como a luz é refletida por elementos que ficam à sua volta.

As quatro imagens foram feitas em diferentes estações do ano, cada uma capturando uma parcela do céu que, vista da terra, é tão grande como a palma de uma mão.

Essas descobertas constituem um grande salto adiante no entendimento da matéria escura e da forma como ela afeta o jeito que vemos a matéria normal nas distintas galáxias pela noite.

Juntas, as imagens mostram mais de 10 milhões de galáxias, cuja luz traz indícios da estrutura mais ampla da matéria escura.

A professora Catherine Heymans, da Universidade de Edimburgo, explica que "a luz de uma galáxia distante que chega até nós é curva, por causa da gravidade da massa da matéria que se encontra no meio" do caminho.

"A Teoria da Relatividade de Einstein nos diz que a massa altera o espaço e o tempo, então quando a luz chega até nós, vinda do universo, caso cruze a matéria escura, essa luz torna-se curva e a imagem que vemos é distorcida", explica a professora.



16 de jan. de 2012

Sonda russa que iria para Marte cai no Oceano Pacífico

AE - Agência Estado

A Rússia acredita que fragmentos de sua sonda Phobos-Grunt, que voltou à Terra depois de falhar em sua missão a Marte, atingiram neste domingo o Oceano Pacífico, afirmou um porta-voz das Forças Armadas do país. "De acordo com as informações do controle de missão das forças espaciais, os fragmentos da Phobos Grunt devem ter caído no Oceano Pacífico às 15h45 (horário de Brasília)", afirmou Alexei Zolotukhin à agência de notícias Interfax.

A agência espacial russa, Roscosmos, não comentou imediatamente a situação. Durante o dia, conforme a sonda se aproximava da Terra, a agência deu previsões diferentes sobre o local em que ela cairia. Zolotukhin explicou que as forças espaciais acompanharam de perto o curso da sonda. "Isso nos permitiu determinar o local e o horário da queda com grande exatidão", disse ele à Interfax.

Segundo a agência de notícias Itar-Tass, a sonda deve ter caído 1.250 quilômetros a oeste da ilha de Wellington, na costa do Chile. Uma queda no oceano seria um grande alívio para a Rússia após relatos sugerirem que a sonda poderia atingir a América do Sul, possivelmente a Argentina. A sonda Phobos-Grunt deveria alcançar a maior lua de Marte, mas acabou ficando presa na órbita terrestre. As informações são da Dow Jones.



13 de jan. de 2012

Super aglomerado El Gordo não desafia Big Bang, dizem astrônomos

Com informações do ESO - 11/01/2012

Embora o tamanho e distância do aglomerado El Gordo sejam bastante incomuns, os autores dizem que os novos resultados são, ainda assim, consistentes com a atual ideia de um Universo que começou com o Big Bang.[Imagem: ESO/SOAR/NASA]

Mar de estrelas

Astrônomos descobriram o maior aglomerado de galáxias já observado, situado a sete bilhões de anos-luz da Terra.
Um verdadeiro mar de estrelas, o aglomerado foi batizado de El Gordo.
O Gordo é na verdade composto por dois sub-aglomerados separados em processo de colisão - os dois viajam a uma velocidade de vários milhões de quilômetros por hora.

"Este aglomerado tem mais massa, é mais quente e emite mais raios-X do que qualquer outro aglomerado encontrado a esta distância ou a distâncias ainda maiores," disse Felipe Menanteau, da Universidade Rutgers (EUA) que liderou este estudo. "Dedicamos muito do nosso tempo de observação ao El Gordo e estou contente por termos conseguido descobrir este espantoso aglomerado em colisão."

Matéria e energia escuras

Os aglomerados de galáxias são os maiores objetos mantidos pela força da gravidade que existem no Universo.
O processo da sua formação, a partir de grupos de galáxias menores que se fundem, depende muito da quantidade de matéria escura e energia escura do Universo no momento.
Por isso mesmo, o estudo dos aglomerados ajuda a compreender melhor estas misteriosas componentes do cosmos.
"Aglomerados de galáxias gigantescos como este são exatamente o que estávamos à procura," disse o membro da equipe Jack Hughes, também da Universidade Rutgers. "Queremos ver se conseguimos compreender como se formam estes objetos tão extremos, utilizando os melhores modelos cosmológicos disponíveis hoje em dia."

Radiação cósmica de fundo de micro-ondas

A equipe, liderada por astrônomos chilenos e da Universidade Rutgers, descobriu o El Gordo ao detectar uma distorção da radiação cósmica de fundo de micro-ondas.
Este brilho tênue é o resto da primeira radiação vinda do Big Bang, a origem do Universo, muito densa e extremamente quente, há cerca de 13,7 bilhões de anos.
Esta radiação que resta do Big Bang interage com os elétrons do gás quente dos aglomerados de galáxias, distorcendo a aparência do brilho de fundo de micro-ondas visto a partir da Terra.
É o chamado efeito Sunyaev-Zel'dovich (SZ), nome que vem dos astrônomos russos Rashid Sunyaev e Yakov Zel'dovich, que o previram no final dos anos 1960. Quanto maior e mais denso for o aglomerado, maior será este efeito.

Compatível com o Big Bang

O Very Large Telescope do ESO foi utilizado pela equipe para medir as velocidades das galáxias nesta enorme colisão de aglomerados e também para medir a sua distância à Terra. Adicionalmente, o Observatório de raios-X Chandra, da NASA, foi utilizado para estudar o gás quente no aglomerado.
Embora o tamanho e distância do aglomerado El Gordo sejam bastante incomuns, os autores dizem que os novos resultados são, ainda assim, consistentes com a atual ideia de um Universo que começou com o Big Bang e que é essencialmente constituído por matéria escura e energia escura.
O El Gordo formou-se, muito provavelmente, de forma semelhante ao aglomerado Bala, o espetacular aglomerado de galáxias em interação que se encontra a quase quatro bilhões de anos-luz mais próximo da Terra.
Em ambos os aglomerados, há indícios de que a matéria normal, constituída principalmente por gás quente brilhando em raios-X, foi arrancada da matéria escura. O gás quente é desacelerado pela colisão, o mesmo não acontecendo à matéria escura.
"Esta é a primeira vez que encontramos um aglomerado como o aglomerado Bala a uma distância tão grande, " disse Cristóbal Sifón, estudante da Pontifícia Universidade Católica de Chile (PUC) em Santiago. "É como diz o velho provérbio: Se queres perceber para onde vais, tens primeiro de saber donde vieste."



Cientistas fazem mapa fotográfico da matéria escura

Folha de São Paulo

Componente misterioso do Universo foi capturado pelas lentes por meio da distorção que ela causa na luz.
Formação da matéria escura ainda é misteriosa, mas ela representa 98% do total no Cosmos.

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Ninguém sabe direito o que é a matéria escura, mas os cientistas acabam de apresentar um gigantesco mapa que mostra a sua distribuição pelo Cosmos.

Acredita-se que ela represente 98% de toda a matéria no Universo. Ou seja, a matéria "convencional" e visível é como um grão de areia nessa imensidão
.
Mesmo assim, a composição dessa misteriosa substância ainda é desconhecida e não existem modos de "enxergá-la" diretamente. Mas sem ela as contas sobre o "peso" do Universo simplesmente não fecham.

Apesar de invisível, a matéria escura pode ser detectada pela interferência gravitacional que exerce na matéria.

Em escala pequena, como nos nossos corpos, essas alterações não são perceptíveis. Ninguém leva mais tombos na Terra, por exemplo, por causa da interação com um punhado de matéria escura.

Para que a influência seja notada, é preciso ir a dimensões muito maiores, analisando, no mínimo, o comportamento de galáxias inteiras.

FOTO DA LUZ

Para chegar ao mapa atual, um time internacional de cientistas avaliou um efeito chamado lente gravitacional, que acontece quando a luz de uma fonte distante passa próxima a uma grande concentração de matéria, como um aglomerado de galáxias.

Nesse caso, a trajetória da luz se curva, fazendo a fonte luminosa parecer estar numa outra direção quando vista da Terra. Esse efeito pode ser usado para detectar e "pesar" a matéria escura.

No trabalho, apresentado nesta semana em uma conferência da Sociedade Americana de Astronomia no Texas (EUA), os cientistas mediram a luz de 10 milhões de galáxias, fornecendo um mapa que cobre uma área de 1 bilhão de anos-luz.

"Nós esperamos que, ao mapear mais matéria escura do que o que havia sido estudado antes, nós estamos um passo mais perto de entender esse material e a sua relação com as galáxias e com o Universo", afirmou Catherine Heymans, da Universidade de Edimburgo, uma das autoras do estudo.

MAPA

No mapa feito pela pesquisadora e seus colegas, a distribuição da matéria escura no Universo foi bastante parecida com o que os modelos computacionais previam.

Viu-se, por exemplo, que regiões mais massivas concentravam também mais aglomerados de galáxias.

Renato Dupke, pesquisador do Observatório Nacional que acompanha a conferência nos EUA, afirma que o mapa ajuda a deixar os estudos sobre matéria escura mais robustos.

"Na ciência, por mais que você possa inferir a existência de alguma coisa, é sempre preciso provar. A técnica usada foi muito bem estabelecida, e o mapa corrobora a presença da matéria escura."

Segundo ele, o estudo sobre a composição da misteriosa substância também pode avançar, ajudando a eliminar hipóteses que não se confirmem na escala gigantesca que é proposta.

"Um próximo passo importante para a pesquisa na área é a criação de um mapa 3D da distribuição da matéria escura no Universo. Isso vai facilitar ainda mais os estudos. O Brasil, inclusive, já está envolvido", afirmou.

SAIBA MAIS

Substância "fecha" as contas do Universo
DE SÃO PAULO

Ainda na década de 1930, o astrônomo Fritz Zwicky começou a perceber que tinha alguma coisa errada com os cálculos sobre a massa do Universo. Galáxias se moviam muito mais rápido do que deveriam, o que não podia ser explicado só pela interação gravitacional entre elas.

Na década de 70, observações tiveram resultados que contrariavam as leis da física. Ou seja: ou a disciplina estava errada ou precisava haver mais alguma coisa ali.

O conceito de matéria escura foi então proposto. Ela daria essa "massa" extra e teria influência gravitacional suficiente para alterar o comportamento fisicamente esperado.



Físico pop Stephen Hawking faz 70 anos

Folha de São paulo

Médicos diziam que ele não passaria dos 25 anos quando recebeu o diagnóstico de uma doença degenerativa em 1963.
Pesquisador e divulgador científico, britânico mostrou que os buracos negros evaporam com o tempo.

Sarah Lee/Divulgação Science Museum/Associated Press
O físico Stephen Hawking, autor de "Uma Breve História do Tempo", em seu escritório na Universidade de Cambridge

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Stephen Hawking completa hoje 70 anos. E ninguém discute que se trata de uma marca e tanto. Talvez não para um indivíduo sadio, mas certamente para quem recebeu a notícia de que não viveria para completar 25.
A doença que o acomete, a esclerose lateral amiotrófica, costuma matar entre 20 e 48 meses após o aparecimento dos primeiros sintomas.

Quando Hawking recebeu o diagnóstico, em 1963, aos 21, seu médico disse que ele não chegaria a terminar seu doutorado. Não só ele contrariou essa previsão como passou 30 anos como professor e pesquisador da Universidade de Cambridge. Sua aposentadoria veio em 2009.

IMAGEM DO GÊNIO

Especializado em física teórica e cosmologia, Hawking dedicou sua carreira a desvendar alguns dos mais misteriosos segredos do Universo. O fascínio induzido por sua área de estudo, somado ao talento para escrever livros de popularização da ciência, tornou sua figura irresistível para a mídia. Não tardou para que ele fosse catapultado ao status de "gênio preso a uma cadeira de rodas".

Seu maior feito como pesquisador, publicado em 1974, foi combinar os dois alicerces da física -a relatividade geral e a mecânica quântica- para descobrir que buracos negros somem com o tempo.

Esses estranhos objetos nascem quando uma estrela com muita massa esgota seu combustível e implode em razão de seu próprio peso. Contraído até seu limite extremo, o astro gera um campo gravitacional do qual nada pode escapar -nem a luz.

Quando esses objetos foram teorizados, imaginava-se que seu destino fosse crescer sempre, conforme outros objetos caíssem neles e aumentassem sua massa.

Contudo, ao combinar efeitos da física de partículas, Hawking concluiu que, bem na fronteira matemática que divide o mundo exterior do ponto sem volta, há a emissão de uma suave radiação, alimentada pelo conteúdo do próprio buraco.

A batizada radiação Hawking era um "vazamento" de energia do buraco negro, que seria dissipada até a evaporação do objeto.

"Hawking só não ganhou um Nobel porque ninguém conseguiu confirmar por observações a existência dessa radiação", diz George Matsas, físico relativista da Unesp.

Apesar do sucesso, muitos físicos acreditam que a reputação de Hawking foi turbinada muito mais pela fama do que por suas realizações no campo da ciência.

"Ele é um físico excelente numa situação incomum", diz Nathan Berkovits, pesquisador americano que trabalha na Unesp. "Mas eu não o colocaria numa lista dos dez melhores físicos vivos."

O excesso de confiança em Hawking chegou a contagiar até ele próprio, levando a um dos maiores "micos" recentes da física. Em 2004, ele anunciou ter solucionado um dos maiores problemas teóricos ligados aos buracos negros, conhecido como "paradoxo da informação".

Entretanto, o físico foi incapaz de demonstrar sua afirmação e hoje vê o episódio como um embaraço.

A despeito das dificuldades crescentes impostas pela esclerose lateral amiotrófica -que vai tirando os movimentos do corpo e leva à morte impedindo a flexão torácica que permite a respiração-, Hawking casou-se e separou-se duas vezes. Tudo após o diagnóstico.

Teve três filhos em seu primeiro casamento e, quando ficou impedido de falar em razão de uma traqueostomia de emergência, passou a se comunicar por meio de um sintetizador de voz.

Hoje, para falar, ele move a bochecha a fim de escolher palavras numa tela. O computador detecta o movimento e forma frases. Ouvir uma resposta dele, das curtas, a uma pergunta pode levar vários minutos. Mas ele ainda está lá, e a mente continua aguda como de costume.



Uma bolha no tempo

Folha de São Paulo

MARCELO GLEISER

Cientistas criaram um intervalo de tempo em que as coisas ocorrem sem serem vistas.

Os melhores mágicos são aqueles que conseguem realizar os feitos mais improváveis, que parecem violar as leis da natureza: o truque do desaparecimento, de serrar alguém ao meio, de parecer adivinhar que carta você escolhe, de tirar um coelho da cartola... A mágica da mágica está justamente em ludibriar a nossa percepção do real, fazendo o impossível parecer possível.

Pois bem, nesta semana, cientistas da Universidade de Cornell, nos EUA, anunciaram um feito que parece ludibriar as leis da natureza: criaram uma "bolha no tempo", um intervalo de tempo em que coisas ocorrem sem que sejam detectadas por um observador externo.

Como diz o ditado, "ver para crer" forma a base da nossa percepção. Recebemos informação através de pulsos de luz que chegam aos nossos olhos, refletidos do objeto que observamos. Se o objeto está em movimento, esses pulsos vão mudando com o tempo. Para não vermos que algo ocorreu, "basta" não recebermos luz vinda do objeto.

A experiência envolve pulsos de luz viajando em fibras óticas modificadas. Fibras óticas são essencialmente tubos de vidro por onde a luz, por exemplo na forma de raios laser, pode viajar. Como sabemos, essas fibras revolucionaram as telecomunicações pois têm perdas muito menor de sinal do que meios mais comuns, como cabos de cobre.

Os cientistas enviaram um pulso de laser por uma fibra desenhada para dispersar ou colimar luz de forma controlada. Um pulso de laser é uma onda de luz pura, com apenas uma frequência. A certa altura na fibra, o pulso de laser sofre interferência de outro pulso que muda a luz de uma para várias frequências.

Esse pulso combinado entra então numa parte da fibra onde pulsos com frequências diferentes viajam com velocidades diferentes, com o azul indo mais rápido do que o vermelho. Com isso, as duas cores são separadas até que, entre elas, existe um espaço onde não há luz alguma. Esse intervalo de escuridão total, com um centímetro de comprimento e duração de 50 trilionésimos de segundo, é interpretado como uma bolha no tempo. O que ocorre nela não pode ser visto.

Para se certificar de que a bolha era real, os cientistas fizeram um pulso de luz passar pelo local onde a bolha foi criada. Em geral, a interferência entre os dois pulsos acusaria a existência do pulso dentro da bolha. Mas quando o pulso enviado foi examinado após passar pela região da bolha, nada havia mudado.

Mesmo que o intervalo de tempo tenha sido muito curto, "curto demais para alguém roubar um quadro num museu", brincou Moti Fridman, que trabalhou no experimento, o feito demonstra que "invisibilidade" pode ocorrer tanto no espaço quanto no tempo.

Uma analogia seria a seguinte: um trem com 40 carros viaja na sua direção. Você vê um motociclista querendo atravessar os trilhos do trem. Sem que você saiba, os carros de número 20 e 21 se soltam, criando um espaço entre eles. O motociclista aproveita a brecha e atravessa antes dos carros se juntarem novamente. Você vê apenas o motociclista já do outro lado do trem. "Será que vi um fantasma?", você poderia se perguntar. Não... Foi apenas uma manipulação sensacional das propriedades da luz, um exemplo da mágica da ciência.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook:http://goo.gl/93dHI



Mistério de 'bolha de sabão' espacial é solucionado pelo telescópio Hubble

Do G1, em São Paulo


Astrônomos explicaram como explosão estelar originou a supernova.
Fenômeno aconteceu a 170 mil anos-luz de distância da Terra.


Os resquícios de uma explosão estelar que mais se parecem com uma bolha de sabão foram finalmente explicados após observações realizadas com o Telescópio Espacial Hubble, das agências espacias europeia (ESA) e norte-americana (Nasa).

O fenômeno se encontra dentro da Grande Nuvem de Magalhães. As Nuvens de Magalhães são duas galáxias pequenas que giram ao redor da nossa Via Láctea. A dupla é possível de ser vista a olho nu em locais com pouca poluição atmosférica.

A bolha (veja imagem abaixo) se chama SNR 0509-67.5 e está localizada a 170 mil anos-luz da Terra -- um ano-luz é a distância percorrida por um raio de luz durante um ano e equivale a aproximadamente 9,5 trilhões de quilômetros.


Cores da supernova 0509-67.5 foram obtidas a partir de dados coletados pelo Hubble e
por instrumentos na Terra a partir da luz visível e dos raios X vindos do espaço.
 (Foto: Telescópio Espacial Hubble / ESA / Nasa)

Este tipo de supernova é classificada como Tipo 1a e acontece quando uma estrela conhecida como anã-branca "rouba" massa de uma companheira próxima. Anãs-brancas são pequenas e muito "pesadas" e representam o último estágio da vida de estrelas anteriores, que já não tinha material para realizar fusões nucleares.

Até agora, os pesquisadores não haviam encontrado a companheira que teria cedido material para a explosão da anã-branca que gerou SNR 0509-67.5. Mas o Telescópio Hubble conseguiu resolver o mistério, quando astrônomos da Universidade Estadual de Louisiana, nos Estados Unidos, aproveitaram uma foto obtida pelo instrumento e detectaram uma região no centro da supernova que impedia a visualização de estrelas ao fundo.

A aposta dos cientistas é que SNR 0509-67.5 tenha sido criada a partir da união de duas anãs-brancas, que teriam se aproximado e explodido intensamente no passado. A energia liberada por uma supernova é tão grande que pode chegar a ofuscar o brilho de galáxias inteiras.

Durante 40 anos, os astrônomos tiveram dificuldade para encontrar os astros que dão origem a supernovas do tipo 1a. A importância desses resquícios de material estelar aumentou na última década, pois eles são bons indicadores para a aceleração do Universo.

Os dados sobre a pesquisa feita a partir das observações do telescópio Hubble foram divulgados em um encontro da Sociedade Astronômica Americana em Austin, no estado do Texas. O estudo também foi divulgado na revista científica "Nature" desta semana.



12 de jan. de 2012

Brasil firma acordo com instituição alemã para estimular inovação

Jornal da Ciência

O memorando de entendimento com a Sociedade Fraunhofer para a constituição da Embrapii foi assinado ontem (10) pelo MCTI e pela Confederação Nacional da Indústria.

As articulações para a constituição da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) ganharam novo fôlego a partir desta terça-feira (10). Foi assinado, em Brasília, memorando de entendimento entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Sociedade Fraunhofer, da Alemanha.

A Sociedade Fraunhoufer é apontada como a maior organização de pesquisa aplicada da Europa e exemplo de instituição de excelência na promoção da pesquisa e da inovação. Parceira do governo e do setor empresarial, a instituição, constituída por mais de 80 unidades de pesquisa na Alemanha, tem servido de modelo para a criação da Embrapii no Brasil. No encontro, a Fraunhofer foi representada pelo diretor de Redes Multinacionais e América Latina, Eckart Bierdiimpel.

No evento de assinatura, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, reforçou a ideia original do projeto de estender para a indústria a experiência exitosa da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa). Segundo o ministro, o objetivo é tornar os institutos certificados pela Fraunhofer referências para atender as demandas específicas da indústria.

Seis instituições brasileiras foram certificadas até o momento para atuar na Embrapii. Três delas já participam de projeto piloto: o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na área de bionanotecnologia; o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), na área de saúde e energia (gás/petróleo); e a Faculdade de Tecnologia do Senai- Bahia (Cimatec), na área de automação manufatura.

As outras três são a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi- SC), na área de engenharia; a Incubadora de Empresas (Coppe/UFRJ - RJ), na área de tecnologia pré-sal; o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC - RS), no polo calçadista. "São instituições que nós elegemos como as melhores e que estão mais focadas no atendimento da indústria. Cada instituto vai ter uma especialização e vai trabalhar numa área específica naquilo que ela tem expertise", ressaltou Mercadante.

O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Ronaldo Mota, explicou que o memorando materializa uma relação já existente com a instituição alemã. "A partir desta materialização do memorando a gente tem condições de avançar muito mais rápido. Todo esse contorno associado ao piloto [em curso] é que vai dar a base para o que será a Embrapii", disse Mota, lembrando que a iniciativa ainda será apreciada pelo Congresso Nacional.

Parceria - Mercadante informou que o Brasil já possui 32 projetos em parceria com a Fraunhofer. Na sua avaliação, trata-se de uma parceria importante diante da especialização daquele instituto, presente em todas as áreas centrais da economia alemã. "O modelo de gestão deles é muito exitoso pela capacidade de inovação da indústria alemã. É uma das poucas indústrias da Europa que conseguiram enfrentar a competitividade da China e conseguem competir pela qualidade do que fazem", disse.

Ronaldo Mota acrescentou que o Brasil é um país que aprendeu a produzir conhecimento (13º no ranking mundial), mas que ainda está aprendendo a transferir conhecimento para o setor produtivo. "E a Fraunhofer sabe fazer isso muito bem", destacou.

O embaixador da Alemanha, Wilfrib Grolig, comentou que o acordo é uma etapa importante no caminho de cooperação entre os países, que possuem como experiências conjuntas recentes as atividades em torno do ano Brasil-Alemanha e a parceria no Programa Ciência sem Fronteiras. "É uma parceria estratégica para cooperar na alta tecnologia e indústria aplicada. Importante estabelecer essa relação entre a pesquisa, de um lado, e a produção, do outro lado", disse Grolig.

O diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria, Rafael Lucchesi, sustentou a importância de continuidade das ações e afirmou que a agenda de inovação é apoiada pelos governos nos principais países industrializados e nas economias em desenvolvimento que têm obtido maior sucesso de competitividade industrial. "Está se convergindo com as políticas mais bem sucedidas de desenvolvimento industrial e competitividade", disse.
(Ascom do MCTI)



Nasa descobre novos planetas orbitando em redor de dois sóis

Diário Digital - 12/01/12


Uma equipa de astrónomos encontrou dois novos planetas que orbitam em redor de dois sóis, um fenómeno que foi observado pela primeira vez na história em setembro do ano passado e que consolida a suspeita de que existem milhões destes na galáxia.

A Universidade da Flórida anunciou quarta-feira a descoberta, na qual participaram alguns dos seus astrónomos e que foi possível graças à análise dos dados obtidos pela missão Kepler, da Nasa.

Os cientistas batizaram os planetas de Kepler-34b e Kepler-35b, e ambos orbitam em redor de uma «estrela binária», um sistema estelar composto de duas estrelas que orbitam mutuamente em redor de um centro de massas comum.

«Embora a existência destes corpos, denominados de planetas circumbinários, tenha sido prevista há muito tempo, era só uma teoria, até que a equipa descobriu o Kepler-16b em setembro de 2011», explicou a instituição em comunicado.

O Kepler-16b foi batizado então como «Tatooine», em referência ao desértico planeta dos filmes «Guerra das Estrelas», que tinha a peculiaridade de contar com dois sóis.

«Durante muito tempo pensamos que esta classe de planetas era possível, mas foi muito difícil de detectar por diversas razões técnicas», explicou o professor associado de Astronomia da Universidade da Flórida, Eric Ford.

Ford acrescentou que a descoberta de Kepler-34b e Kepler-35b, que é publicada hoje na edição digital da revista Nature, somada à de Kepler-16b em setembro, «demonstra que na galáxia há milhões de planetas orbitando duas estrelas».

Acredita-se que os dois planetas recém-descobertos são formados fundamentalmente por hidrogénio e que são quentes demais para abrigar vida. São dois gigantes de gás de muito pouca densidade, comparáveis em tamanho a Júpiter, mas com muito menos massa.

Kepler-34b é 24% mais pequeno que Júpiter, mas tem 78% de menos massa, e pode completar uma órbita em 288 dias terrestres. Já Kepler-35b é 26% menor, tem uma massa 88% inferior e demora apenas 131 dias para dar uma volta completa aos seus dois sóis.

«Os planetas circumbinários podem ter climas muito complexos durante cada ano alienígena, já que a distância entre o planeta e cada estrela muda significativamente durante cada período orbital», explicou Ford.

A missão Kepler, que começou em março de 2009, utiliza um telescópio para observar uma pequena porção da Via Láctea. Os astrónomos analisam os dados procedentes do telescópio e procuram aqueles que mostram um escurecimento periódico que indique que um planeta cruza a frente da sua estrela anfitriã.

O objetivo da missão é encontrar planetas do tamanho da Terra na zona habitável das órbitas das estrelas (onde um planeta pode ter água líquida na superfície).

«A maioria das estrelas semelhantes ao Sol na galáxia não está sozinha, como o sol da Terra, mas tem um ´parceiro de dança` e forma um sistema binário», explicou a Universidade da Flórida.

De fato, a missão Kepler já identificou 2.165 estrelas binárias eclipsantes (que se tapam uma à outra desde a perspectiva do telescópio) entre as mais de 160 mil estrelas observadas até ao momento.






11 de jan. de 2012

Agência russa começa contagem para colisão de sonda na Terra

G1 - 09/01/2012
Da Agência EFE

Nave Phobos-Grunt deve cair no planeta entre 10 e 21 de janeiro de 2012.
Controle da missão foi perdido em 8 de novembro do ano passado.

A agência espacial russa, a Roscosmos, começou a contagem regressiva para a colisão com a Terra da estação interplanetária Phobos-Grunt, que não conseguiu atingir a órbita com destino a uma das luas de Marte.

"Segundo os dados que temos e os prognósticos dos especialistas, o prazo de queda da nave oscila entre 10 e 21 de janeiro, com o dia 15 como a data mais provável", informou a Roscosmos em comunicado.

Quanto ao local da colisão da sonda, que ficou à deriva em torno da Terra desde o dia 8 de novembro, a Roscosmos é mais cautelosa e afirmou que isso não poderá ser previsto até 24 horas antes da entrada na atmosfera.

Agência russa começou contagem para queda da sonda Phobos-Grunt. (Foto: STR / AFP Photo)

Neste momento, o raio de queda da sonda - 51,4 graus de latitude norte e 51,4 graus de latitude sul - abrange de Londres ao extremo sul do continente americano. Os russos declararam que a nave, que deveria recolher amostras do solo de Marte e enviá-las à Terra em 2014, não representa nenhuma ameaça o planeta.
A superfície da Terra será atingida apenas por cerca de 20 a 30 fragmentos da nave, com uma massa conjunta que não ultrapassará os 200 quilos. O resto da sonda será desintegrado ao entrar em contato com a atmosfera, da mesma forma que o combustível que leva a Phobos-Grunt, que será queimado a cerca de 100 quilômetros de altura.

Nos últimos meses, duas naves também se chocaram com a Terra: o satélite meteorológico americano UARS, que caiu em setembro no oceano Pacífico e o alemão ROSAT, um mês depois, no Índico.

O Centro Geral de Reconhecimento Espacial do Ministério da Defesa russo, que determinou com precisão a data e o local da queda do UARS e do ROSAT, vigia os parâmetros da órbita da estação ininterruptamente.
Imagens da queda da Fobos-Grunt foram captadas nesta semana pelo astrônomo francês Thierry Legault, na altura de Nice, no litoral mediterrâneo da França.

A Phobos-Grunt pretendia ser a primeira nave espacial a pousar na superfície de Fobos, uma das duas luas do Planeta Vermelho, para estudar a matéria inicial do sistema solar. Para Igor Lisov, diretor da revista Cosmonautics News, "a estação foi projetada e construída com graves defeitos, do sistema de comando ao programa de abastecimento".

O programa de lançamentos russo está em plena crise após vários acidentes; o primeiro ocorreu em agosto do ano passado em mais de 30 anos de funcionamento por um dos cargueiros Progress, que abastecem a plataforma orbital.

Lisov explicou que entre a desintegração da União Soviética, em 1991, e 2007 o programa espacial russo "teve um financiamento estatal abaixo do mínimo de subsistência" e que o recente aumento do investimento não será notado na qualidade do trabalho em menos de cinco anos.

"O envelhecimento dos especialistas, o estado obsoleto dos equipamentos, a paralisação da produção de alguns componentes e materiais e a interrupção do trabalho em certos campos da cosmonáutica" também se somam a essa situação, acrescentou.

Devido aos baixos salários, a grande maioria dos especialistas da indústria espacial russa tem mais de 60 anos ou menos de 30, o que põe em risco o futuro do setor. "Só conservamos o programa de naves pilotadas, os satélites de comunicações e o sistema de navegação GLONASS", disse Lisov, que considerou que a respeitada herança da escola soviética, "em grande medida, já se perdeu".

Lisov acredita que a Rússia, a primeira potência a enviar um homem ao espaço (Yuri Gagarin, em 1961), conseguirá manter a paridade com a China, mas deverá renunciar ao desejo de competir em pé de igualdade com os Estados Unidos.



10 de jan. de 2012

Agência Espacial Europeia lançará 1º foguete Vega em 9 de fevereiro

Estadão.com.br
09 de janeiro de 2012

Instrumento é o menor da frota europeia e levará ao espaço os satélites LARES e ALMASat-1


O primeiro lançamento do novo foguete Vega, o menor da frota europeia e com capacidade para transportar 1,5 toneladas, deverá ser realizado em 9 de fevereiro, anunciou nesta segunda-feira, 9, o diretor-geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Jean-Jacques Dordain.

J.Huart/ESA/Divulgação
O custoso lançamento do Vega será um dos principais desafios para a ESA em 2012

A ESA está trabalhando com essa data como objetivo, mas Dordain explicou que o lançamento, que será feito no Centro Espacial Europeu de Kuru, na Guiana Francesa, pode atrasar por causa das novas tecnologias. O foguete levará ao espaço os satélites LARES e ALMASat-1.

Com o Vega, fabricado para cargas pequenas, o Ariane, para pesadas, e os russos Soyuz, para intermediárias, a Europa terá a sua disposição uma frota completa de foguetes.

O lançamento do Vega será um dos principais desafios para a ESA em 2012, que trabalhará com um orçamento de aproximadamente quatro bilhões de euros, um valor praticamente idêntico aos anos anteriores. A instituição tentará reduzir seus gastos em cerca de 175 milhões de euros até 2015.

O país que mais contribuirá para a ESA em 2012 será a Alemanha, com 25,9% do total (750,5 milhões de euros); seguido pela França, com 24,8% (718,8 milhões); e pelo Reino Unido, com 8,3% (240 milhões).

No total, o orçamento dos 19 integrantes da ESA (a Polônia deverá se unir à instituição esse ano) é de 2.900,1 bilhões de euros, ou 72,2% do total. Outros 876,7 milhões de euros virão da União Europeia e de outros contribuintes menores.

O calendário de eventos da ESA para o 2012 conta também com o lançamento, em 9 de março, do ATV-3, a terceira nave europeia de abastecimento não tripulada que será enviada à Estação Espacial Internacional a bordo de um Ariane 5 Kuru.

Também em março está previsto o fim das provas dos dois primeiros satélites de navegação do sistema Galileu, que devem começar a funcionar em 2014.

Em agosto ou setembro, serão colocados em órbita o segundo par de satélites, de um total de 30, que funcionarão como o concorrente europeu do sistema GPS.

Além disso, em 2012 será lançado o terceiro satélite Meteosat de segunda geração, e será inaugurada a missão Swarm, que estudará a mudança do campo magnético da Terra.



Como a China pretende se tornar uma superpotência espacial?

Jornal da Ciência
10 de janeiro de 2012
Artigo de José Monserrat Filho enviado ao JC


A China reafirma que "se opõe à instalação de armas ou a qualquer corrida armamentista no espaço exterior". As demais potências espaciais, exceto a Rússia, ainda não assumiram essa posição. A instalação de armas em órbita da Terra e a corrida por armamentos espaciais estão entre as maiores ameaças à sustentabilidade das atividades espaciais a longo prazo. A questão é crucial e está em debate hoje no Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS, na conhecida sigla em inglês). A manifestação chinesa consta do "Livro Branco sobre as Atividades Espaciais de 2011", lançado pelo governo às vésperas do ano novo, em 29 de dezembro, relatando o que realizou nos últimos cinco anos (desde 2006) e o que projeta realizar nos próximos cinco.

O documento dedica parágrafo especial ao tema "O desenvolvimento pacífico", onde frisa: "A China tem aderido sempre ao uso do espaço para fins pacíficos, e se opõe à instalação de armas ou a qualquer corrida armamentista no espaço exterior. O país se desenvolve e utiliza recursos do espaço de modo prudente e toma medidas eficazes para proteger o ambiente espacial, garantindo que suas atividades espaciais beneficiem toda a humanidade". E ainda: "A China trabalhará junto com a comunidade global para manter um espaço pacífico e limpo e oferecer novas contribuições à nobre causa de promover a paz mundial e o desenvolvimento".

Parte da imprensa viu o relatório espacial de Pequim como mera demonstração de um país candidato a "superpotência espacial", sobretudo pelos seus novos planos de exploração da Lua.

Eu diria que a China já é uma potência espacial, tanto pelas conquistas alcançadas, como pelo que planeja alcançar nos próximos anos. Desde 2006, ela efetuou 67 lançamentos que puseram em órbita 79 satélites com total êxito. Já realiza voos espaciais tripulados com seus próprios meios. Está construindo sua própria estação espacial e seu próprio sistema de navegação e posicionamento global, batizado de Beijou (Bússola), alternativo ao GPS americano - o Bússola já funciona e crescerá mais ainda nos próximos cinco anos, inclusive para monitorar o lixo espacial.

O problema é saber como, com que ideias e políticas, a China tem ganhado status de potência espacial. Vejo pelo menos quatro tipos de questões importantes a examinar a propósito, no livro branco, em especial para países como o Brasil, que mantém cooperação espacial com a China: 1) A visão chinesa do espaço; 2) O papel do espaço no avanço industrial da China; 3) Políticas de desenvolvimento; e 4) Políticas e prioridades na cooperação internacional.

A visão chinesa do espaço - A China define o espaço como "riqueza comum da humanidade". A seu ver, "a exploração, o desenvolvimento e o uso do espaço são busca incessante da humanidade". Para o dragão asiático, "a posição e o papel das atividades espaciais são cada vez mais importantes para a estratégia de desenvolvimento geral de cada país ativo e aumentam sua influência sobre a civilização humana e o progresso social".

"Os propósitos da indústria espacial da China são: explorar o espaço e ampliar a compreensão da Terra e do Cosmos; usar o espaço para fins pacíficos, promover a civilização humana e o progresso social, e beneficiar toda a humanidade; atender às demandas de desenvolvimento econômico, desenvolvimento científico e tecnológico, segurança nacional e progresso social; melhorar o conhecimento científico e cultural do povo chinês; proteger os direitos e os interesses nacionais da China e construir uma força nacional abrangente. A indústria espacial da China subordina-se e serve à estratégia nacional de desenvolvimento geral, e adere aos princípios de desenvolvimento científico, independente, pacífico, inovador e aberto."

São ideias de uma visão globalizada, em cujo centro estão a humanidade e a civilização humana. Os chineses não proclamam como prioridades a liderança exclusiva, a segurança e o interesse estratégico de um país ou grupo de países em detrimento dos demais, mas também não abrem mão do direito de proteger suas prerrogativas e interesses nacionais legítimos.

O papel do espaço no avanço industrial chinês - Esse capítulo e o seguinte são essenciais para entender o que move a China no espaço. E valem para países como o Brasil, com vocação e necessidades espaciais inequívocas, sobretudo pela extensão territorial e pelas riquezas naturais.

Eis alguns trechos sintomáticos do livro branco:

"O governo chinês faz da indústria espacial parte importante da estratégia geral de desenvolvimento da nação (...). Ao longo dos últimos anos, a indústria espacial da China tem se desenvolvido rapidamente, o que a coloca entre os países líderes do mundo em certas áreas relevantes da tecnologia espacial. As atividades espaciais desempenham papel cada vez mais importante no desenvolvimento econômico e social."

"Os próximos cinco anos serão um período crucial para a China construir uma sociedade moderadamente próspera, aprofundar a reforma e a abertura e acelerar a transformação do padrão de desenvolvimento econômico do país. Isto trará novas oportunidades para sua indústria espacial."

"A China concentrará seu trabalho nos objetivos estratégicos nacionais, reforçará sua capacidade de inovação independente, se abrirá ainda mais ao mundo exterior e ampliará a cooperação internacional. Assim agindo, dará o melhor de si para fazer sua indústria espacial se desenvolver melhor e mais rápido."

"A China respeita a ciência e as leis da natureza. Tendo em mente a situação atual de sua indústria espacial, ela elabora planos e arranjos abrangentes de suas atividades ligadas à tecnologia, às aplicações e à ciência espaciais, para manter o desenvolvimento integral, coordenado e sustentável da indústria."

"Mantendo-se no caminho da independência e auto-suficiência, a China apoia-se em primeiro lugar na própria capacidade para desenvolver a indústria espacial destinada a atender às necessidades de modernização, com base em suas condições atuais e sua força."

"A estratégia da China para desenvolver a indústria espacial é reforçar sua capacidade de inovação independente, consolidar suas bases industriais e melhorar seu sistema de inovação. Executando importantes projetos de ciência e tecnologia espaciais, o país concentra sua força em fazer descobertas-chave para promover saltos no desenvolvimento neste campo.

"A China persiste em combinar independência e auto-suficiência com abertura para o mundo exterior e cooperação internacional. Empenha-se ativamente em promover o intercâmbio e a cooperação espaciais no campo internacional, baseados na igualdade e benefícios mútuos, no uso pacífico e no desenvolvimento comum, esforçando-se para promover o progresso da indústria espacial da humanidade."

Políticas de desenvolvimento - É interessante conhecer as diretrizes traçadas pela China para desenvolver a indústria espacial:

"- Elaborar planos abrangentes e arranjos prudentes para as atividades espaciais; priorizar os satélites aplicados e as aplicações de satélites; desenvolver de forma adequada os voos tripulados e a exploração do espaço profundo; e apoiar ativamente a exploração científica do espaço.

- Fortalecer a capacidade de inovação em ciência e tecnologia espaciais; focar a execução de importantes projetos de ciência e tecnologia espaciais e promover o avanço da ciência e tecnologia espaciais por meio de novas descobertas em tecnologias críticas e integração de recursos; empenhar-se na construção de um sistema inovador de tecnologia espacial, integrando indústria, academia e comunidade científica espaciais, com empresas e instituições de pesquisa de ciência e tecnologia espaciais como principais participantes; reforçar a pesquisa básica na área espacial e desenvolver múltiplas tecnologias de ponta para aumentar a capacidade de inovação sustentável em ciência e tecnologia espaciais.

- Promover vigoroso desenvolvimento da indústria de aplicações de satélites. Elaborar planos abrangentes e construir infraestrutura espacial; promover o uso público compartilhado de recursos de aplicações de satélite; promover empresas "clusters", cadeias produtivas industriais e mercado para aplicações de satélites.

- Fortalecer capacidades básicas em ciência, tecnologia e indústria espaciais; a construção de infra-estrutura para desenvolver, produzir e testar naves espaciais e veículos lançadores; a construção de laboratórios e centros avançados de pesquisa em engenharia para a ciência e tecnologia espaciais; e o trabalho em informatização, direitos de propriedade intelectual e padronização das atividades espaciais.

- Reforçar o trabalho legislativo. Promover ativamente pesquisas sobre o direito espacial nacional, formular e aperfeiçoar gradualmente leis, regulamentos e políticas industriais para orientar e regulamentar atividades espaciais e criar legislação ambiental favorável a seu desenvolvimento.

- Garantir investimento sustentável e permanente às atividades espaciais; criar gradualmente um sistema de financiamento espacial diversificado e de múltiplos canais para garantir o investimento sustentável e permanente, em particular para fornecer mais amplos recursos financeiros a importantes projetos espaciais de ciência e tecnologia, de satélites aplicados e de aplicações de satélites, de tecnologias de ponta e de pesquisas básicas.

- Incentivar organizações e pessoas de todas as esferas da vida para participarem de atividades espaciais; incentivar institutos de pesquisa científica, empresas, instituições de ensino superior e organizações sociais, sob a orientação das políticas espaciais nacionais, para que aproveitem inteiramente as próprias vantagens e participem ativamente das atividades espaciais.

- Fortalecer a formação de profissionais para a indústria espacial; desenvolver de modo vigoroso um ambiente favorável ao desenvolvimento de profissionais, promovendo figuras de proa na indústria espacial e constituindo um contingente profissional bem estruturado e altamente qualificado no curso da execução de projetos relevantes e pesquisas básicas; dar publicidade ao conhecimento e à cultura espaciais, e atrair pessoal de alto nível para a indústria do setor."

Políticas e prioridades na cooperação internacional - Eis a lista apresentada:

"- Apoiar as atividades de uso pacífico do espaço, no âmbito das Nações Unidas, bem como as atividades de todas as organizações espaciais intergovernamentais e não-governamentais que promovam o desenvolvimento da indústria espacial;

- Dar ênfase à cooperação espacial da região Ásia-Pacífico e apoiar a cooperação espacial em outras regiões do mundo;

- Reforçar a cooperação espacial com os países em desenvolvimento e valorizar a cooperação espacial com os países desenvolvidos;

- Incentivar e endossar os esforços dos institutos nacionais de pesquisa científica, empresas industriais, instituições de ensino superior e organizações sociais para que desenvolvam o intercâmbio e a cooperação espacial internacional em diversas formas e em vários níveis, sob a orientação das políticas de Estado, leis e regulamentos pertinentes;

- Utilizar de modo apropriado os mercados interno e externo, e recursos de ambas as fontes, bem como participar ativamente da cooperação espacial internacional prática."

O livro branco também afirma:

"O governo chinês sustenta que cada país do mundo tem direitos iguais de explorar, desenvolver e usar livremente o espaço e os corpos celestes e que as atividades espaciais de todos os países deve beneficiar o desenvolvimento econômico, o progresso social das nações, a segurança, sobrevivência e desenvolvimento da humanidade.

A cooperação espacial global deve se submeter aos princípios fundamentais enunciados na "Declaração sobre a Cooperação Internacional na Exploração e Uso do Espaço Exterior em Benefício e no Interesse de todos os Estados, Levando em Espacial Consideração as necessidades dos Países em Desenvolvimento" (aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1996).

A China ressalta que o intercâmbio internacional e a cooperação devem ser reforçados para promoverem o desenvolvimento espacial inclusivo, com base na igualdade de direitos e benefícios mútuos, uso pacífico e desenvolvimento comum."

Tudo indica que o enfoque chinês da cooperação é não excludente e não discriminatório, isto é, não procura impedir os demais países de desenvolverem tecnologias espaciais. Todas essas concepções e decisões práticas foram omitidas em grande parte das informações divulgadas pela imprensa sobre o novo documento chinês, que merece exame ainda mais profundo.

José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).