29 de fev. de 2012

Pesquisadora do ON tira dúvidas sobre o ano bissexto e o dia 29 de fevereiro

Observatório Nacional


Josina nascimento em entrevista no campus do Observatório Nacional
Este ano o mês de fevereiro terá 29 dias, pois 2012 é o chamado ano bissexto. O acréscimo de um dia ao calendário a cada quatro anos é feito para compensar a defasagem dos anos anteriores, levando em conta o período de translação da Terra – aproximadamente 365 dias e 6 horas, ou precisamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos.
Para detalhar mais este ajuste, segue entrevista com a pesquisadora Josina Oliveira do Nascimento, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional.

ONews: O que é o ano bissexto ?

Josina do Nascimento: Para entendermos o que é o ano bissexto é preciso observar que o ano calendário tem 365 dias, mas o tempo de translação aparente da Terra é de exatamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos. Esse período é chamado de ano trópico e tem então 365,2422 dias.
Inicialmente vamos fazer as contas usando o valor aproximado de 365 dias e 6 horas. Essa diferença de 6 horas completa 1 dia em 4 anos (6 x 4 = 24). Por isso acrescenta-se 1 dia a cada 4 anos. Se não fizermos isso, as estações do ano vão se defasando a cada ano. Em 120 anos já teríamos uma diferença de um mês (6 horas x 120 = 720 horas; 720h/24h = 30 dias). Assim nós teríamos, por exemplo, o verão começando em novembro. A nossa vida civil é mais baseada nas estações do ano do que possa parecer à primeira vista, e isso geraria grandes problemas.

ONews: Quando foi instituído o ano bissexto?

Josina do Nascimento: No ano 46 a.C., Julio Cesar, orientado pelo astrônomo alexandrino Sosígenes, reformou o calendário romano em vigor na época. O novo calendário, chamado de juliano, dentre outras coisas, resolvia a questão das 6 horas acrescentando 1 dia a cada 4 anos. Já naquela época, o ano com esse dia a mais foi chamado de bissexto e os outros anos foram chamados de anos comuns. Assim, o ano juliano médio tem 365 dias + ¼ de dia = 365,25 dias. Historiadores acreditam que o astrônomo Sosígenes já havia percebido que as tais 6 horas não eram exatas e que havia uma diferença de alguns minutos.

ONews: Por que o nome bissexto?

Josina do Nascimento: No calendário romano os meses não eram divididos em semanas, mas em grupos de dias: calendas, nonas e idos. O primeiro dia do mês era calendas. Os dias eram referidos de forma retroativa, por exemplo: três dias antes de nonas, quatro dias antes de idos, idos, que é meio do mês. Quando Julio Cesar instituiu um dia a mais a cada 4 anos, na verdade, ordenou que se repetisse o sexto dia antes das calendas de março: “ante diem bis sextum Kalendas Martias” ou simplesmente bissextum.

ONews: E como foi resolvida a tal diferença de minutos nas 6 horas?

Josina do Nascimento: Em 1582 foi instituído o calendário gregoriano, pelo Papa Gregório XIII, que é o calendário vigente para grande maioria dos países nos dias de hoje.
Vamos observar a diferença entre o ano trópico e o ano juliano, que possuem respectivamente 365,2422 e 365,25 dias: a diferença é de 0,0078 dias ou 11 minutos e 13,92 segundos. Essa diferença completa 24 horas, ou 1 dia, em 128 anos. Assim, se adicionarmos sempre 1 dia a cada 4 anos, teremos 1 dia a mais em cada 128 anos, deslocando novamente o início das estações.
O Calendário Gregoriano minimiza essa diferença deixando de acrescentar 3 dias a cada 400 anos, através da seguinte regra: os anos divisíveis por 4 são bissextos, exceto os séculos inteiros, que só serão bissextos se forem divisíveis por 400.



Ouça a entrevista à rádio JovemPan OnLine

Assista aos vídeos das entrevistas de Josina Nascimento explicando o assunto!

Bom Dia Rio 

Bom Dia Brasil 
Ano bissexto é adaptação do ano civil ao solar

Ouça a entrevista à rádio PAMPA,  de Porto Alegre/RS




28 de fev. de 2012

Pesquisadores do Observatório Nacional participam de encontro do J-PAs na Espanha

Observatório Nacional

Os pesquisadores Jailson Souza de Alcaniz, Renato Dupke, Simone Daflon Santos e Jorge Marcio Carvano, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional, participam do IV encontro da colaboração J-PAS, na Espanha, desta terça-feira, dia 28 de fevereiro, até sexta-feira, 2 de março.

O J-PAS (Javalambre Physics of the Accelerating Universe AStrophysical Survey) é um projeto de cooperação entre Brasil e Espanha, com a finalidade de obter um levantamento astronômico que permita aprofundar os estudos da cosmologia e, especialmente, as propriedades da Energia Escura.

Tal levantamento será feito por telescópios que permitem observar um grande campo no céu, obtendo dados de alta precisão, que formarão um tipo de mapa tridimensional do universo, registrando milhões de galáxias e outros corpos celestes, tais como, quasares, supernovas e estrelas. A coleta dos dados está prevista para iniciar em 2013.

Para saber mais detalhes do projeto, acesse o endereço: http://j-pas.org/

24 de fev. de 2012

Horário de verão termina à zero hora deste domingo, 26 de fevereiro

Observatório Nacional

O horário de verão termina à zero hora deste domingo, dia 26 de fevereiro de 2012, quando os relógios das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Distrito Federal e também do estado da Bahia deverão ser atrasados em uma hora. Com isso, o sábado terá uma hora a mais nessas regiões.

Criado com a finalidade de economizar ou racionalizar o consumo de energia elétrica, usando ao máximo a luz solar nos meses mais quentes do ano, quando os dias são mais longos, o horário de verão tem início na terceira semana de outubro e termina na terceira semana de fevereiro. Entretanto, por causa da coincidência da data com o Carnaval, este ano o horário foi estendido em uma semana.

O Observatório Nacional é responsável pela geração, distribuição e conservação da Hora Legal Brasileira (HLB), desde 1850, quando essa atividade teve início no país. É da sua sede, no bairro de São Cristóvão, zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, que é divulgado o famoso “horário de Brasília”.

Para saber a hora certa, basta acessar a página Horalegalbrasil e clicar no botão (link) “acerte seu relógio”.


Cientistas querem lei para pesquisa e inovação

Site Inovação Tecnológica
Com informações da Agência Brasil

Estímulos

Representantes da academia e das empresas estão clamando pela aprovação de um código que crie mecanismos para estimular a aproximação entre centros de pesquisa e empresas privadas na concepção de novos produtos e processos produtivos.

Projeto de lei com esse objetivo foi proposto pelo meio acadêmico ao governo, que enviou o texto ao Congresso Nacional no ano passado.

"É hora de o Brasil - que já tem Código de Trânsito, Código Penal, Código Florestal - ter também um código para a ciência, tecnologia e inovação. Isso vai ajudar o país a acelerar o seu desenvolvimento científico e tecnológico", avalia o presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Mario Neto Borges.

Em sua opinião, o código, que tramita simultaneamente na Câmara dos Deputados e no Senado, pode permitir maior inserção internacional da ciência feita no Brasil e aprimorar a fiscalização dos órgãos de controle.

Ganhos econômicos

Além do desenvolvimento científico, há perspectivas de ganhos econômicos. O projeto de lei cria mecanismos para estimular a aproximação entre centros de pesquisa e empresas privadas, para que, juntos, promovam a inovação.

Entre esses mecanismos, está o compartilhamento, com empresas privadas, de laboratórios, equipamentos, instrumentos e materiais hoje disponíveis nas chamadas entidades de ciência, tecnologia e inovação (ECTI) públicas (como as universidades e as unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

De acordo com o projeto, as ECTI poderão ser remuneradas, bonificar os pesquisadores e celebrar contratos de transferência tecnológica.

Dinheiro público para fins privados

O projeto de lei ainda autoriza a União, os estados, municípios e as agências de fomento a fazer "concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infraestrutura" a ECTIs privadas com fins lucrativos.

Empresas inovadoras poderão ser beneficiadas com subvenção econômica, financiamento, participação societária do Estado e encomendas para o desenvolvimento de tecnologia.

"A inovação é uma saída para a chamada desindustrialização", opina Célio Cabral, gerente de Inovação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) - vinculado à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Segundo ele, o país sofre processo prematuro de desindustrialização em função da invasão de produtos manufaturados importados a baixo custo, e a inovação pode reverter esse cenário, com redução de custo e diferenciação de produtos. "A inovação mostra-se como imperativo. Fazendo um paralelo, é como a qualidade total nas décadas de 1980 e 1990", pondera Cabral. "É preciso gestão de inovação nas empresas. Temos que tratar a inovação de forma sistêmica e perene para que não seja uma iniciativa isolada".

Marco legal

Ao tomar posse no mês passado, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, defendeu o novo marco legal para o setor.

"É necessária uma estrutura legal que possibilite a interação público-privada. Precisamos também aperfeiçoar o marco legal e incrementar os mecanismos de incentivo à inovação para que mais empresas passem a realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento de modo crescente e contínuo," disse Raupp.

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, tem avaliação semelhante e considera o código importante para melhor inserção econômica do país. "Ou mudamos as leis ou fica inviável competir", apontou.

Há também a expectativa de que o código facilite a realização de contratos nas ECTIs públicas e a importação de insumos para a pesquisa, e assegure o acesso de cientistas brasileiros e de empresas nacionais ao patrimônio genético da biodiversidade no território brasileiro, tanto em pesquisas básicas quanto em estudos com finalidade industrial.

Reprise

Toda a discussão, contudo, lembra um episódio muito recente.

A chamada Lei da Inovação, devidamente acompanhada de incentivos fiscais para as empresas privadas foi longamente discutida.

Ao ser promulgada, afirmou-se que o Brasil seria outro daquele dia em diante.

A única coisa que mudou é que o Brasil parece ter desistido de ser um país industrializado, o que lança sérios temores sobre se o que os agentes envolvidos nesta nova empreitada legal querem é realmente o desenvolvimento do país ou apenas mais um canal aberto de recursos do setor público para o setor privado.



Missão Swarm vai mapear campo magnético da Terra Missão Swarm vai mapear campo magnético da Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica



Os três satélites da constelação Swarm vão voar em formação, comunicando-se para manter suas distâncias de forma precisa. [Imagem: ESA/AOES Medialab]


Escudo magnético da Terra

Os três satélites que compõem a missão Swarm, da ESA, estão prontos para embarcar para a Rússia, de onde serão lançados em Julho.

A missão Swarm (enxame, ou cardume) é uma constelação de satélites de observação da Terra destinados a medir os sinais magnéticos do núcleo, manto, crosta, oceanos, ionosfera e magnetosfera do nosso planeta.

Eles vão fornecer dados que permitirão aos cientistas estudar as complexidades do campo magnético que nos protege.

Essa blindagem magnética protege o planeta das partículas carregadas que vêm com o vento solar.

Sem essa proteção natural, a vida na Terra seria impossível.

Esse escudo é gerado principalmente nas profundezas da Terra, por um verdadeiro oceano de ferro fundido que serpenteia pelo núcleo externo líquido.


Exploradores da Terra

Como o campo magnético terrestre é criado, e como ele se altera ao longo do tempo, é algo complexo e ainda não completamente compreendido.


Sem a proteção do campo magnético natural do planeta, a vida na Terra seria impossível. 
[Imagem: ESA/AOES Medialab]



Esta força está em constante mudança - no momento, ela mostra sinais de um enfraquecimento significativo.

Com uma nova geração de sensores, a constelação Swarm pretende lançar novos conhecimentos sobre estes processos naturais, além de coletar novas informações sobre o clima espacial.

Esta será a quarta missão da série Exploradores da Terra, da agência espacial europeia - as outras são GOCE, que mapeou a gravidade da Terra, o SMOS, mais conhecido como satélite da água, e o CryoSat, o satélite do gelo.


Satélites em formação

Os três satélites da constelação Swarm vão voar em formação, comunicando-se para manter suas distâncias de forma precisa.

Dois satélites vão orbitar muito próximos entre si, na mesma altitude - inicialmente a cerca de 460 km -, enquanto o terceiro estará em uma órbita mais alta, de 530 km.

As diferentes órbitas quase-polares, juntamente com os vários instrumentos a bordo, melhoram a qualidade dos dados coletados, tanto no espaço, quanto no tempo.

Isto vai ajudar a distinguir entre os efeitos de diferentes fontes do magnetismo.



Esfera misteriosa cai do céu em fazenda no interior do Maranhão

Folha de S.Paulo


Objeto de cerca de 30 kg pode ser parte de foguete; moradores falam em alienígenas

Max Mauro Garreto/Arquivo Pessoal



GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

A suposta queda do espaço de uma esfera de metal com cerca de 30 kg assustou moradores da cidade de Anapurus, no interior do Maranhão. Alguns falaram em invasão alienígena e até em indícios do fim do mundo, mas o mais provável é que se trate de lixo espacial.

O objeto caiu em próximo a casas do município, que tem cerca de 13 mil habitantes, na manhã da última quarta-feira. Segundo moradores, antes de cair, a bola ainda teria atingido-e destruído- um cajueiro em uma fazenda.

O comandante da Polícia Militar do município determinou que o misterioso objeto fosse levado à delegacia para averiguações.

O caso fez sucesso em vários blogs do Maranhão e levou uma legião de curiosos à pequena cidade para ver a "bola" misteriosa.

Por meio de sua assessoria, a Aeronáutica afirmou que pretende ir até o local do incidente e recolher o material para estudo.

Gustavo Rojas, astrofísico da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), acredita que a esfera metálica seja parte de um foguete Ariane 4, usado para o lançamento de cargas pesadas pela ESA (Agência Espacial Europeia).

Ele consultou a base de dados do Centro de Estudos de Reentrada de Lixo Orbital e verificou que o objeto estava para cair em um local e área compatíveis.

Rojas comunicou o incidente ao centro, que já entrou em contato com a agência europeia. O grupo agora pede mais informações, como o horário exato e a latitude e longitude da queda.

"O procedimento correto é chamar as autoridades locais e consultar um especialista para identificar o objeto. É importante fornecer os dados precisos da reentrada porque isso ajuda a previsão de futuras quedas de lixo espacial."

O lixo espacial é um problema crescente, e há milhares de fragmentos orbitando a Terra. Muitos deles são destruídos na reentrada, mas alguns resistem e podem oferecer riscos. Até agora, no entanto, não houve vítimas fatais em acidentes.



Telescópio registra 'planeta-sauna', no qual predomina água a 230ºC

Folha de S. Paulo

D.Aguilar/Nasa/AFP
Concepção artística do planeta GJ 1214b, que orbita uma estrela como o Sol a 40 anos-luz da Terra; astro e atmosfera possuem alta proporção de água


DE SÃO PAULO

Observações feitas com o Telescópio Espacial Hubble acabam de revelar uma nova classe de planeta, quase totalmente formado por água.
O astro GJ 1214b tem 2,7 vezes o diâmetro da Terra e sua massa é sete vezes maior. Mas ninguém deve imaginar enormes oceanos em sua superfície. Com temperatura média de 230 graus Celsius, o astro provavelmente tem vapor e formas exóticas de água geradas por condições de alta pressão, como o chamado "gelo quente".
Os cientistas já suspeitavam da existência de planetas constituídos por água. O primeiro passo para a confirmação deles veio em 2009, quando o planeta GJ 1214b foi descoberto.
A novidade é que agora os cientistas confirmaram que sua atmosfera é mesmo composta por vapor d'água. Para isso, a equipe utilizou uma câmera infravermelha do telescópio Hubble.
"O GJ 1214b não é parecido com nada que conhecemos hoje em dia", disse o astronômo Zachory Berta, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA.
O planeta está localizado na constelação de Serpentário, a 40 anos-luz da Terra (cada ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). Em termos galácticos, é "logo ali": a Via Láctea, nossa galáxia, mede 100 mil anos-luz.
O "planeta de vapor" completa uma órbita em volta de uma estrela anã vermelha, um pouco maior que o nosso Sol, em 38 horas.
A hipótese é que o GJ 1214b começou sua formação distante de sua estrela-mãe, onde o gelo era abundante. Depois, o planeta teria migrado para mais perto, para a chamada zona habitável -onde é possível haver vida.
Nesse momento, a temperatura da superfície seria semelhante à da Terra. Os cientistas, no entanto, não sabem dizer quanto tempo ele teria ficado nessas condições.
A concepção artística do novo planeta foi divulgada ontem. O trabalho foi aceito para publicação no periódico "Astrophysical Journal".
Há três tipos de planetas no Sistema Solar. São os rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), gigantes gasosos (Júpiter e Saturno) e gigantes gelados (Urano e Netuno).



16 de fev. de 2012

Os efeitos de estrelas da Via Láctea nas observações cosmológicas

Observatório Nacional

As propriedades das galáxias que vemos hoje podem nos dar pistas importantes para entender a história do Universo. Em particular a forma com que elas se aglomeram pode fornecer uma escala característica do Universo (proveniente da oscilação acústica dos bárions) que pode ser usada como uma régua padrão e inferir o tipo da expansão cósmica. Em segundo lugar, pode-se usar esta informação e calcular o conteúdo de matéria no Universo nas diferentes formas: matéria ordinária, matéria escura, energia escura e neutrinos.

Muitos desses resultados são prejudicados pelo efeito de estarmos observando o Universo de dentro de um sistema estelar, a nossa Galáxia. Ashley Ross e colaboradores do Sloan Digital Sky Survey -III, incluído pesquisadores do ON, acabam de mostrar como esse efeito pode ser compreendido. Por um lado, as estrelas da Galáxia, mesmo as de baixo brilho, ocultam uma fração mínima de área de céu, onde existem galáxias. Esta área é ínfima, cerca de um milionésimo de grau quadrado por estrela, mas com dezenas de milhões de estrelas ela é substancial e provoca a diminuição do número de galáxias observada. Por outro lado, uma fração de cerca de 3% dos objetos selecionados fotometricamente como galáxias, são na verdade estrelas. Estes efeitos precisam ser estimados e considerados na determinação das propriedades de aglomeração das galáxias.

O primeiro passo deste estudo foi selecionar cerca de 900.000 galáxias luminosas, ou seja, que podem ser vistas até grandes distâncias. Essa amostra cobre o maior volume do Universo até hoje usado para medida de aglomeração de galáxias, graças ao bem sucedido desenvolvimento do projeto SDSS-III. A área analisada atingiu 9913 graus quadrados, representando mais de ¼ da área total do céu e inclui galáxias existentes até 6 bilhões de anos atrás. Distâncias foram estimadas a partir das magnitudes observadas em 5 bandas espectrais através de uma técnica denominada redshifts fotométricos. Uma representação da distribuição dessas galáxias é mostrada na figura abaixo.

Usando diferentes métodos, a equipe do SDSS-III mostrou em trabalho recentemente publicado, quanto este efeito combinado de ocultação e contaminação pelas estrelas interfere nas estimativas da aglutinação das galáxias e como podem ser corrigidos.

Ao final do levantamento, cada galáxia, do total de cerca de 1 milhão, terá uma determinação de redshift espectroscópica, com uma precisão superior às medidas fotométricas, dotando esta amostra de condições sem precedentes para estudar o Universo com grande precisão.



Representação da distribuição de galáxias luminosas observadas pelo SDSS-III, com redshifts fotométricos entre 0.25 e 0.75. A nossa Galáxia está no centro da figura e cada pequeno ponto verde representa uma galáxia.


Paulo Pellegrini é Pesquisador Titular do Observatório Nacional e membro do Brazil Participation Group do SDSS-III.

Buraco Negro se formou no centro da galáxia anã

Info Online
Por Vanessa Daraya
16/02/2012


NASA, ESA, and S. Farrell/Sydney Institute for Astronomy, University of Sydney


São Paulo - A ESA (Agência Espacial Europeia) divulgou uma imagem em que é possível observar um grupo de jovens estrelas azuis em torno do buraco negro HLX-1. A partir disso, os astrônomos julgam que o buraco se formou a partir de uma galáxia anã.

O buraco negro registrado na imagem pesa cerca de 20 mil vezes a massa do Sol e está na direção da galáxia ESO 243-49, a 290 milhões de anos-luz da Terra. A equipe responsável pelo estudo da imagem sugere que o buraco tenha se formado no centro de uma galáxia anã, que agora está desintegrada.

Os pesquisadores pensam que essas estruturas supermassivas podem se originar a partir da fusão de pequenos e médios buracos negros. Por ter um grupo muito jovem de estrelas em volta do buraco negro, ele pode ter se originado a partir da galáxia anã, que foi engolida depois pela estrutura maior.

Essa possível descoberta deve ter implicações importantes para a compreensão de como os buracos negros supermassivos evoluem. Isso porque já se sabe como essas estrelas supermassivas se desintegram para a formação dos buracos que podem ter massa milhões de vezes maior que a do Sol. Porém, ainda não está claro como essas estruturas podem se formar no núcleo das galáxias.

O registro foi feito pelo Telescópio Espacial Hubble da Nasa em parceria com a ESA. Já a equipe da pesquisa foi liderada por Sean Farrell, do Instituto de Astronomia de Sydney, na Austrália.




Foto de satélite mostra Itália coberta por neve

BBC Brasil


Onda de frio assola o centro e o leste da Europa; construções históricas, como o Coliseu, em Roma, foram afetadas pela neve

ESA
Foto evidencia o impacto da neve na Península Itálica, onde diversas estruturas foram afetadas.

Uma imagem feita por satélite mostra uma camada de neve encobrindo a Itália, em meio a uma onda de frio que assola o leste e o centro da Europa.

Realizada na última segunda-feira pelo satélite Envisat, da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês), a foto evidencia o impacto da neve na Península Itálica, onde diversas estruturas foram afetadas.

Construções históricas também sofreram os efeitos da neve. A cidade medieval de Urbino, famosa por seu muro, apresentou danos, enquanto fragmentos que caíram do Coliseu, em Roma, levaram ao fechamento do local para turistas.

Na Sérvia, o rio Danúbio - segundo maior da Europa - congelou em alguns trechos, obrigando o uso de embarcações quebra-gelo para normalizar sua navegabilidade.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados.

ESO mostra o céu como você gostaria de ver

Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/02/2012

"Jamais verás céu nenhum como este", porque o olho humano não é capaz de enxergar a maioria das estruturas que formam esta maternidade estelar, aqui "traduzidas" do infravermelho em variações de cores que conseguimos perceber.[Imagem: ESO/T. Preibisch]


Vendo o invisível

O ESO (Observatório Europeu do Sul, divulgou a imagem em infravermelho mais detalhada que já se obteve da Nebulosa Carina, uma maternidade estelar.

Muitas estruturas previamente escondidas à observação pela luz visível, espalhadas pela espetacular paisagem celeste de gás, poeira e estrelas jovens, são agora visíveis.

Segundo a instituição, esta é uma das imagens mais extraordinárias já obtidas pelo VLT (Very Large Telescope).

Embora esta nebulosa seja espetacular em imagens na faixa visível do espectro, o certo é que muitos dos seus segredos se encontram escondidos por detrás de espessas nuvens de poeira.

Para conseguir penetrar este véu, uma equipe de astrônomos europeus liderada por Thomas Preibisch (Observatório da Universidade, Munique, Alemanha), utilizou o VLT e a sua câmara infravermelha HAWK-I para encontrar coisas que o olho humano não consegue ver naturalmente.

Segredos por revelar

Centenas de imagens individuais foram combinadas para criar esta imagem, que é o mosaico infravermelho mais detalhado já obtido para esta nebulosa.

Ela revela não apenas as estrelas brilhantes de grande massa, mas também centenas de milhares de estrelas muito mais tênues, nunca vistas até agora.

A ofuscante estrela Eta Carinae aparece na parte inferior esquerda da nova imagem. Ela está rodeada por nuvens de gás que brilham devido à intensa radiação ultravioleta. Ela irá explodir como uma supernova num futuro próximo - em termos astronômicos.

Por toda a imagem aparecem também muitos nódulos compactos escuros, que permanecem opacos mesmo no infravermelho. São casulos de poeira onde novas estrelas se encontram em formação.

Acima, a imagem em infravermelho. Abaixo, a mesma área como nossos olhos a veriam. [Imagem: ESO/T. Preibisch]


A Nebulosa Carina situa-se a cerca de 7.500 anos-luz de distância da Terra, na constelação Carina, a quilha do navio mitológico Argo, de Jasão e os Argonautas.

Esta nuvem de gás e poeira brilhante é uma das incubadoras de estrelas de grande massa mais próximas da Terra, incluindo várias das estrelas mais brilhantes e de maior massa que se conhece.

No espaço, regiões com poeira absorvem e espalham mais a radiação azul, de menor comprimento de onda, do que a radiação vermelha, de maior comprimento de onda.

Este efeito explica também porque o pôr-do-sol na Terra geralmente é avermelhado, particularmente quando a atmosfera está carregada de poeira.

Em algumas partes do céu, onde existe mais poeira, principalmente em regiões de formação estelar, como é o caso da Nebulosa Carina, este efeito é tão forte que nenhuma radiação visível consegue passar.



A SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE 2012

Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza


O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável pela coordenação nacional da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), após receber várias sugestões e ter feito consultas a instituições e entidades parceiras na organização deste evento nacional, anuncia a data e o tema principal da SNCT 2012.

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2012 ocorrerá entre 15 e 21 de outubro. O tema principal será: “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”.
Na SNCT 2012 serão promovidas e estimuladas em todo o país atividades de difusão e de apropriação social de conhecimentos científicos e tecnológicos relacionados com este tema. Serão debatidas as estratégias e mudanças necessárias para uma economia verde que, em conexão com um desenvolvimento sustentável, contribua para a erradicação de pobreza e a diminuição das desigualdades sociais no país.
O lema da SNCT 2012 foi escolhido em função de ser este o tema da Conferência Rio + 20, evento de enorme importância e organizado pela ONU, que ocorrerá no Brasil, em junho de 2012, com participação de quase todos os países do mundo.
Um objetivo da SNCT 2012 será discutir em escolas, universidades, comunidades e locais públicos os diversos aspectos envolvidos no estabelecimento de uma economia verde, bem como os desafios da sustentabilidade nas suas dimensões ambiental, econômica e social. As pesquisas científicas e tecnológicas, os intercâmbios científicos e o uso generalizado e aberto dos dados e resultados científicos são fatores essenciais para enfrentar estes desafios, tendo em vista os limites naturais do Planeta e a necessidade de estruturas sócio-econômicas renovadas. Por outro lado, uma educação de qualidade é um elemento indispensável para possibilitar uma formação cidadã adequada para o desenvolvimento sustentável.
A Assembléia Geral das Nações Unidas declarou também o ano de 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. A ONU está estimulando todos os países a realizarem atividades com o objetivo de aumentar a consciência coletiva sobre a importância deste tema, por meio de ações a nível local, regional e internacional.
Convidamos as instituições de pesquisa e ensino, universidades, escolas tecnológicas e profissionais, secretarias estaduais e municipais de C&T e de educação, fundações de apoio à pesquisa, órgãos governamentais, espaços científico-culturais, escolas de todos os níveis, empresas, entidades científicas e tecnológicas e organizações da sociedade civil, bem como cientistas, professores, pesquisadores, técnicos, estudantes, comunicadores da ciência e todos os interessados, para que coloquem a data da SNCT 2012 em suas agendas, iniciem o processo de sua preparação e participem intensamente de sua realização.


Marco Antonio Raupp
Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação



13 de fev. de 2012

Como se pesa um planeta?

O leitor pergunta e a CHC responde!

BLOGUE DO REX - 07-02-2012

Oi, pessoal! O leitor Leonardo Aliberti Derigo quer saber: afinal, como se pesa um planeta? Fui correndo pedir ajuda ao astrônomo Rodney Gomes, do Observatório Nacional, para responder à pergunta.

Mercúrio, Vênus, Terra e Marte (Imagem: NASA)

Segundo Rodney, um bom jeito de calcular a massa – popularmente chamada de peso – de um planeta é observar a velocidade com que um satélite natural ou artificial gira ao redor do planeta a ser pesado. Com este e outros dados em mãos, é possível aplicar fórmulas matemáticas que permitam saber com precisão a massa do planeta.
A massa da Terra, por exemplo, é calculada com base no tempo que a Lua leva para dar uma volta completa em torno de nosso planeta. Após vários cálculos, os cientistas descobriram que a massa terrestre é igual a 5.974.000.000.000.000.000.000.000 quilos. Pode parecer muito, mas Júpiter tem massa 300 vezes maior, e foi eleito o planeta mais pesado do sistema solar. Curioso, não é?
Mas não é só por curiosidade que os cientistas saem fazendo esses cálculos por aí. “Antes de enviarmos uma sonda espacial para outro planeta, é preciso saber sua massa para projetar a trajetória da sonda e calcular, entre outras coisas, a quantidade de combustível necessária para chegar até seu destino”, conta o astrônomo.



11 de fev. de 2012

Marcos Pontes quer treinar o segundo astronauta brasileiro

Formação de novo astronauta viria por meio de cursos nacionais de engenharia aeroespacial

Marcos Pontes faz palestra durante Campus Party 2012 (Foto: Felipe L. Gonçalves/247)
O astronauta brasileiro Marcos Pontes, que voo para o espaço sideral a bordo da nave Soyuz em março de 2006, espera que a próxima pessoa com cidadania brasileira a viajar para o espaço seja um de seus alunos.

A afirmação foi feita durante palestra realizada nesta terça-feira (7), no palco de Astronomia e Espaço da Campus Party 2012. Na ocasião, Pontes revelou que entre seus principais objetivos está a criação de cursos de engenharia aeroespacial para preparar futuros astronautas profissionais brasileiros.

“Nos próximos cinco anos, teremos pelo menos quatro cursos públicos de engenharia aeroespacial operando no País. A formação do segundo brasileiro com experiência de voo orbital vira desses cursos e espero que essa pessoa seja um de meus alunos”, disse o primeiro e único astronauta brasileiro.

Pontes, no entanto, não descarta a possibilidade dele mesmo voltar a ser escalado para ir ao espaço. “Quem sabe, a possibilidade não é nula. Mas devido às prioridades atuais do nosso programa espacial, é improvável que eu seja chamado para um segundo voo nos próximos cinco anos”, disse.

FIM DOS ÔNIBUS ESPACIAIS

Durante seu discurso, Pontes explicou as causas que levaram a Nasa a suspender o programa do ônibus espacial e porquê esse novo direcionamento pode trazer novas oportunidades para os profissionais da área.

Segundo ele, o principal motivo para o cancelamento foi o acidente da Columbia, em 2003, que se desintegrou quando retornava à Terra, matando seus sete tripulantes.

A Nasa concluiu que o projeto era caro demais para não conseguir manter os riscos sob controle e decidiu que finalizaria o programa após a conclusão da Estação Espacial Internacional em 2011.

Dentro da nova diretriz da NASA, há sinais de que parte do orçamento que seria destinado ao programa espacial está sendo usado para incentivar o desenvolvimento de espaçonaves privadas construídas por empresas americanas.

Segundo Pontes, um bom efeito dos voos privados é que, assim como ocorreu na aviação comercial, em que é necessário ter profissionais como pilotos e comissários para levar passageiros, também será preciso criar posições de trabalho para engenheiros, mecânicos, técnicos e astronautas profissionais.



10 de fev. de 2012

O outro lado da “espaçonave Terra”

Blog Só Ciência
Enviado por Cesar Baima



Depois do sucesso da sua mais nova versão de imagem em alta definição da Terra vista do espaço, divulgada na semana passada, a Nasa liberou esta semana uma visualização do outro lado do planeta nos mesmos moldes. Alguns internautas criticaram aqui e nas redes sociais o fato (natural, na mi nha opinião) de a agência espacial americana ter colocado a América do Norte (e consequentemente os EUA) no centro da imagem anterior, mas desta vez a nova imagem traz a África em destaque. Assim, nada como essa bela vista do berço da Humanidade para lembrar que todos somos apenas passageiros da “espaçonave Terra”.

Abaixo você pode conferir a imagem divulgada na semana passada:




Vênus pisa no freio e gira mais devagar

Da Agencia O Globo

RIO – O período de rotação de Vênus está diminuindo, ou seja, o planeta está pisando no freio e gira em torno de seu eixo cada vez mais devagar. Novos dados da sonda Venus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), mostram que seus dias estão 6,5 minutos mais longos do que as medições anteriores indicavam.

Nos anos 90, a sonda Magellan, em uma missão de quatro anos, usou um radar para penetrar a grossa camada de nuvens do planeta para produzir os então mais detalhados mapas de sua superfície. Ao observar as periódicas passagens de formações nela, foi possível determinar que o dia em Vênus durava o equivalente a 243,0185 dias na Terra. Dezesseis anos depois, no entanto, a Venus Express, também usando um radar, verificou que algumas formações estavam até 20 quilômetros afastadas do local onde deveriam estar neste período de tempo, indicando uma desaceleração da rotação.

As novas medições estão ajudando os cientistas a determinar se Vênus tem um núcleo sólido ou líquido, o que ajudaria na compreensão de como o planeta foi criado e evoluiu. “Planeta irmão” da Terra e no limite da chamada “zona habitável” de nosso Sistema Solar, Vênus é um exemplo de como a capacidade de abrigar vida depende de variáveis sutis. Com uma atmosfera densa e rica em dióxido de carbono, com mais de 90 vezes a pressão da atmosfera terrestre, ele é vítima de um efeito estufa de proporções infernais, que fazem com que temperatura média na sua superfície passe dos 400 graus Celsius, o suficiente para derreter chumbo.

Se Vênus tiver um núcleo sólido, sua massa estaria mais concentrada no centro. Neste caso, a rotação do planeta seria menos afetada por forças externas. E a principal delas é justamente a fricção com sua densa atmosfera e seus ventos de alta velocidade. A Terra enfrenta efeito similar, mas o duração do dia varia aproximadamente apenas um milissegundo e depende sazonalmente dos padrões de vento e temperaturas ao longo do ano.

© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.



8 de fev. de 2012

Manual traz orientação para projetos na área de inclusão

MCTI



O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis), lançou o Manual do Proponente, que traz as orientações básicas para os interessados em apresentar projetos na área.

A Secis apoia propostas nas áreas de difusão e popularização da ciência, de fomento a tecnologias sociais e assistivas, de inclusão digital e de inovação e extensão tecnológica para o desenvolvimento social.

No manual são indicadas normas e procedimentos para o cadastramento de proponentes e para apresentação, habilitação e seleção de projetos, bem como para acompanhamento, avaliação e prestação de contas das iniciativas que venham a ser apoiadas.

A publicação, disponível em PDF no arquivo anexo, informa o leitor sobre os programas e ações da secretaria e as exigências para a celebração de convênios, termos de parceria e de cooperação e contratos de repasse. Explica também o passo a passo para se cadastrar no Sistema de Convênios do Governo Federal (Siconv), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

A publicação foi elaborada em acordo com a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e inovação (Encti) e com os programas e ações sob responsabilidade da Secis previstas no Plano Plurianual, ambos de 2012 a 2015.

Manual do Proponente – Procedimentos de Elaboração, Seleção e Acompanhamento de Projetos

Uma rede social onde só entra cientista

Jornal da Ciência

A ResearchGate reúne atualmente 1,4 milhão de participantes, provenientes de 192 países.


Todos os dias, entre quatro e cinco mensagens chegam à caixa postal de Fabiana Soares, vindos de uma rede social na qual ela entrou recentemente. Pode parecer um movimento pequeno para quem se acostumou ao Facebook ou ao Twitter, mas as mensagens não são as fotos de amigos em férias nem as "cutucadas" que costumam movimentar essas redes. Doutoranda em ciências farmacêuticas e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Fabiana é procurada por pessoas que querem conhecer melhor seu trabalho sobre modificações em óleos e gorduras. Os interessados são pesquisadores que, como a brasileira, fazem parte da ResearchGate, uma rede social na qual cientistas de todo o mundo podem trocar informações sobre seus estudos, em várias áreas de conhecimento.

Fundada em 2008, a ResearchGate permite a seus membros criar um perfil com informações acadêmicas, profissionais e de pesquisa. É possível também seguir outras pessoas, publicar trabalhos, participar de grupos de discussão e obter informações sobre conferências e ofertas de
emprego em instituições de pesquisa.

A ResearchGate reúne atualmente 1,4 milhão de participantes, provenientes de 192 países, segundo dados da empresa. A meta é conectar 8 milhões de pessoas, o equivalente a cerca de 80% da
comunidade científica mundial, até o fim de 2013.

"Por volta de 90% dos cientistas querem compartilhar informações", afirma ao Valor, por telefone, Ijad Madisch, fundador e executivo-chefe da companhia. Dono de um PhD em virologia, Madisch
teve a ideia de criar a rede quando precisou de informações para uma de suas pesquisas.

O site funciona graças a aportes financeiros feitos por empresas de investimento. Entre eles estão os fundos Benchmark Capital, que aplicou dinheiro no Twitter, e a Accel Partners, que apostou no
Facebook, entre outros sites. Ainda não há um modelo de negócios definido. A prioridade, diz Madisch, é aumentar o número de usuários.

Com mais de 43 mil pesquisadores inscritos na rede, cerca de 3% do total, o Brasil é um dos países cuja comunidade científica em expansão atrai a atenção da ResearchGate.

Para Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a troca de informações durante o trabalho de pesquisa é uma exigência da atividade. Não existe nenhum "laboratório tão amplo que seja capaz de reunir todas as metodologias de que um cientista precisa", diz a pós-doutora em biologia.

Contatada na semana retrasada por cientistas de Harvard e da Universidade de Boston interessados em conversar sobre uma publicação, Helena também consulta trabalhos de colegas para obter abordagens diferentes para seus temas de estudo. Os cientistas dos Estados Unidos, diz ela, interagem mais que os brasileiros.

O intercâmbio internacional é uma questão cada vez mais relevante nos meios acadêmicos. Jerson Silva, diretor da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e diretor científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), também considera que a troca de informações poderia ser maior no país. Ele cita o empenho crescente da China em fazer com que seus alunos sejam treinados no exterior.

Na ResearchGate, com sede em Berlim, a expectativa é transformar a rede em um negócio rentável, mas ainda não há previsão de quando a empresa se tornará lucrativa. Entre as ideias para remunerar o site está fornecer sistemas de comunicação para grandes instituições de pesquisa, como universidades. Os pontos de atração seriam ferramentas para aumentar a produtividade, como a possibilidade de gerenciar o uso de laboratórios virtualmente. Outra possibilidade em estudo é criar um sistema de publicidade de itens usados por pesquisadores - como livros, vírus e culturas de bactérias - o que Madisch compara a "uma Amazon.com para a ciência". As empresas pagariam para ter seus produtos anunciados, que seriam avaliados pela comunidade da rede social.

Madisch reconhece que o ResearchGate ainda precisa evoluir em termos de funcionalidades. Várias mudanças estão previstas para março. Entre elas, o lançamento de um sistema para conhecer a reputação dos pesquisadores. Segundo o executivo, um cientista demora, em média,
sete anos para fazer suas primeiras publicações. Durante esse período, ele precisa mostrar seu trabalho de alguma forma.

No Brasil, a plataforma virtual de currículos Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é o balcão que os pesquisadores procuram para conseguir informações sobre seus pares. O sistema da agência de fomento do Ministério da Ciência e
Tecnologia permite criar perfis com dados sobre formação e trabalhos dos cientistas. Helena Nader, da SBPC, se diz "dependente, no bom sentido" do recurso. Pós-doutor em bioquímica, Silva, da ABC, também tem suas atividades registradas no sistema. Fabiana, outra pesquisadora com currículo na plataforma, diz já ter usado o recurso para saber mais sobre as linhas de pesquisa de professores.

Os três pesquisadores são favoráveis às facilidades dos meios digitais, mas também fazem uso de mecanismos tradicionais para manter contato com outros cientistas, o que inclui a velha prática da
conversa pessoal nos intervalos dos congressos científicos. Foi justamente após retornar de um congresso nos Estados Unidos que Fabiana recebeu um e-mail com o convite para participar da
ResearchGate. A doutoranda gostou da ideia e convidou seus colegas da USP a aderir à novidade. Hoje, ela já tem mais de 100 seguidores virtuais no site.
(Valor Econômico)





7 de fev. de 2012

PROCURA-SE: ASTRONAUTA

Estadão.com.br

(FOTO: NASA)

Se você já sonhou em ser astronauta, pode ter certeza de que você não é o único. Mesmo com a moral da Nasa um tanto em baixa nos últimos tempos — devido à aposentadoria dos ônibus espaciais, cortes orçamentários, e menor ênfase em missões tripuladas — mais de 6.300 pessoas se candidataram para uma vaga de astronauta na agência espacial americana, num processo de seleção aberto dois meses atrás. É o maior número de candidatos desde 1978, quando a agência recebeu mais de 8.000 aplicações (entre o fim do Programa Apollo e o início do programa de ônibus espaciais).

Entre 9 e 15 pessoas serão selecionadas para compor a 21ª turma de astronautas da Nasa. Na melhor das hipóteses, portanto, a concorrência é de 420 candidatos por vaga. Oito vezes maior do que a relação candidato-vaga para Medicina na USP, que em 2011 ficou em torno de 51. Imagine só! “Isso demonstra que o público continua genuinamente interessado em dar continuidade à exploração do espaço”, disse a chefe do Escritório de Seleção de Astronautas da Nasa, Duane Ross, em um comunicado divulgado hoje pela agência.
A exploração humana do espaço é um tema que divide opiniões mesmo entre os maiores entusiastas do assunto. Ninguém é contra explorar o espaço com telescópios, robôs, sondas e satélites. Claro. Mas as missões tripuladas são um ponto mais delicado … Será que vale a pena continuar a mandar seres humanos ao espaço? Com todos os riscos e custos envolvidos? 6.300 americanos, pelo menos, acreditam que vale… e estão dispostos a correr o risco. (como eu estaria, também, num piscar de olhos)

Segundo a Nasa, os novos astronautas vão “viver e trabalhar na Estação Espacial Internacional, ajudar a construir as espaçonaves Orion (veículo tripulado de transporte que está sendo desenvolvido para substituir os ônibus espaciais), e dar continuidade às parcerias da Nasa com empresas que prestarão serviços de transporte comercial para a Estação Espacial”.

O processo de seleção vai durar mais de um ano e os escolhidos precisarão completar dois anos de treinamento para ter uma oportunidade de ir ao espaço. Uma das exigências é aprender russo — especialmente agora, que o único modo de ir e voltar da Estação Espacial é com os russos, nas cápsulas Soyuz. Кто вы обращаетесь к?



Bolsão de formação estelar mostra silhueta humana

Site Inovação Tecnológica
Com informações do ESO - 03/02/2012

A radiação ultravioleta emitida pelas estrelas quentes jovens retira elétrons dos átomos de hidrogênio, que são seguidamente recapturados.[Imagem: ESO]


Beleza caótica

Esta nova imagem mostra uma maternidade estelar chamada NGC 3324.

A intensa radiação ultravioleta emitida por várias das estrelas jovens quentes da NGC 3324 faz com que a nuvem de gás brilhe com cores vivas, ao mesmo tempo que escava uma cavidade no gás e poeira ao seu redor.

A NGC 3324 está situada na constelação austral de Carina (a quilha do navio Argo de Jasão), a cerca de 7.500 anos-luz de distância da Terra. Ela encontra-se no norte do ambiente caótico da nebulosa Carina, que possui muitos outros bolsões de formação estelar.

Lá, foi recentemente fotografado um tipo muito raro de estrela, chamada estrela de Wolf-Rayet.

Um depósito rico em gás e poeira na região da NGC 3324 deu origem a um processo de formação estelar intenso nessa região há vários milhões de anos, levando à criação de várias estrelas muito grandes e quentes, as quais se pode observar bem destacadas nesta nova imagem feita pelo ESO.

Os ventos estelares e a intensa radiação emitida por estas estrelas jovens abriram um buraco no gás e na poeira ao se redor, o que se observa claramente como uma parede de material na região central direita da imagem.


Dos átomos às nebulosas

A radiação ultravioleta emitida pelas estrelas quentes jovens retira elétrons dos átomos de hidrogênio, que são seguidamente recapturados, originando um brilho característico de cor avermelhada, à medida que os elétrons decaem em cascata através dos vários níveis de energia, mostrando-nos toda a extensão do gás difuso local.

Outras cores vêm de outros elementos, com o brilho característico do oxigênio, duas vezes ionizado a tornar as partes centrais da imagem amarelo-esverdeadas.

Tal como as nuvens no céu da Terra, os observadores de nebulosas imaginam formas entre estas nuvens cósmicas.

Um dos apelidos para a região NGC 3324 é a de Nebulosa Gabriela Mistral, nome que vem da poetisa chilena que ganhou o prêmio Nobel da literatura em 1945 - as bordas da parede de gás e poeira à direita parecem-se bastante com uma cara humana de perfil, com a "elevação" no centro correspondendo a um nariz.

Os grãos de poeira nestas regiões bloqueiam a radiação que vem do gás brilhante de fundo, criando estruturas filigrânicas sombrias que acrescentam mais uma camada evocativa a esta já rica imagem.


Vale a pena ver de novo

O olho poderoso do Telescópio Espacial Hubble também já esteve voltado para a NGC 3324.

O Hubble consegue observar maiores detalhes do que a visão mais alargada do Wide Field Imager usado aqui, embora num campo de visão menor.

Veja a versão do Hubble dessa região na reportagem Novo Hubble estreia em grande estilo.

Os dois instrumentos, quando usados em conjunto, dão uma perspectiva de zoom-in e zoom-out, ambas bastante interessantes.






Planeta com três sóis pode ser habitável

Site Inovação Tecnológica


Riqueza de ambientes planetários

Se um planeta com dois sóis já impressiona, imagine então um planeta com três sóis.

Foi justamente isso que uma equipe internacional, coordenada por Guillem Anglada-Escudé, da Universidade de Gottingen, na Alemanha, acabam de descobrir.

Mas o melhor está por vir: segundo eles, o planeta está na zona habitável, ou seja, a uma distância adequada de seus três sóis para manter água líquida em sua superfície.

Logo depois de revelar que há mais planetas que estrelas na Via Láctea, e que mesmo planetas com dois sóis são comuns, agora os astrônomos demonstram que planetas habitáveis podem na verdade se formar em uma variedade de ambientes muito maior do que se imaginava.



Planeta com três sóis

O planeta, chamado GJ 667Cc, orbita uma pequena estrela muito diferente do Sol, uma anã-branca, situada a 22 anos-luz da Terra.

Essa estrela, por sua vez, orbita um binário formado por duas estrelas, estas sim, mais parecidas com nosso Sol.

Mas deve haver noite no planeta, porque a anã-branca e seu sistema planetário - há pelo menos dois outros planetas no sistema - orbitam o binário à mesma distância que há entre o Sol e Plutão.

Já foram localizados mais de 100 planetas na zona habitável, mas a maioria é de gigantes gasosos, como Júpiter, e não planetas rochosos como a Terra.

O recém-descoberto GJ 667Cc parece ser do tipo certo, residindo bem no meio da zona habitável de sua estrela.

Contudo, a técnica usada para detectar o GJ 667Cc não é precisa o suficiente para permitir o cálculo exato de sua massa. Segundo os pesquisadores, sua massa mínima equivale a 4,5 vezes a massa da Terra, mas esse número pode chegar a 9.

Para determinar com segurança a composição de um planeta - se ele é rochoso - é necessário saber sua densidade, que por sua vez é calculada a partir da sua massa e do seu diâmetro.

Assinaturas de vida

Contando com seus três sóis, o planeta recebe 90% da luz que a Terra recebe. Entretanto, como a maior parte dessa luz está na faixa infravermelha do espectro, um percentual maior dela deve ser absorvida pelo planeta.

Juntando os dois efeitos, dizem os cientistas, o GJ 667Cc absorve mais ou menos a mesma energia de suas estrelas que a Terra absorve do Sol, o que permite temperaturas superficiais similares às da Terra e, por consequência, água em estado líquido.

Mas serão necessárias novas observações, e eventualmente o desenvolvimento de técnicas mais aprimoradas de observação, para confirmar todos esses dados.

Anglada-Escudé está entusiasmado, e fala em muito mais do que confirmar suas descobertas.

"Com o advento de uma nova geração de instrumentos, os pesquisadores serão capazes de pesquisar muitas anãs brancas classe M em busca de planetas similares e eventualmente buscar assinaturas espectroscópicas de vida em um desses mundos," vislumbra ele.