25 de jun. de 2012

Proximidade de planetas impressiona astrônomos

Redação do Site Inovação Tecnológica


Proximidade de planetas assusta astrônomos


Nenhum dos dois planetas tem condições de habitabilidade, mas esta ilustração artística dá uma boa ideia do cenário que se teria com um vizinho tão grande e tão próximo.[Imagem: Eric Agol]

"Lua" azul

Lembre-se da magnitude e da beleza da Lua Cheia nascendo. Agora imagine que, em vez da Lua, surja no céu um planeta azul, só que três vezes maior. Esse é cenário que ocorre no inusitado sistema planetário Kepler-36, que acaba de ser descoberto pelos astrônomos.

A estrela é parecida com o Sol, só que bem mais velha.

O Kepler-36b é um planeta rochoso, com 1,5 vez o tamanho da Terra e pesando 4,5 vezes mais. Ele orbita a estrela a cada 14 dias, a uma distância de 17,7 milhões de km.

O segundo planeta, o Kepler-36c, é um gigante gasoso, parecido com Netuno. Ele é 3,7 vezes maior do que a Terra e pesa 8 vezes mais. Ele orbita a estrela a cada 16 dias, a uma distância de 19,3 milhões de km.
Ou seja, são os dois planetas mais próximos já descobertos até hoje.



Proximidade de planetas assusta astrônomos



Esta visualização, bem mais realística, mostra o intenso vulcanismo induzido no planeta rochoso pelas marés gravitacionais, geradas pela aproximação extrema dos dois planetas. [Imagem: David A. Aguilar (CfA)]


Conjunção

Os dois têm uma conjunção a cada 97 dias, quando ficam separados por menos do que 5 vezes a distância entre a Terra e a Lua.

Como o Kepler-36c é muito maior do que a Lua, do ponto de vista do rochoso Kepler-36b ele aparece em uma visão espetacular.

Coincidentemente, do ponto de vista inverso - olhando o planeta rochoso a partir do gigante gasoso - o vizinho aparece do tamanho da Lua Cheia.

Não é um mundo para se viver. Em primeiro lugar porque são dois planetas com temperaturas extremas.

Além disso, a aproximação gera gigantescas marés gravitacionais, que comprimem e esticam os dois planetas.

Ainda não há uma teoria para explicar como o gigante gasoso pode se manter tão perto da estrela - no Sistema Solar, os gigantes gasosos ficam muito afastados da estrela.

Bibliografia:

Kepler-36: A Pair of Planets with Neighboring Orbits and Dissimilar Densities
Joshua A. Carter et al.
Science
Vol.: Published Online
DOI: 10.1126/science.1223269





NASA mostra Terra vista "de cima"


Redação do Site Inovação Tecnológica

[Imagem: NASA/GSFC]
NASA mostra Terra vista

O principal objetivo do satélite Suomi é coletar dados sobre as mudanças climáticas globais.




Vista "aérea"

A NASA divulgou uma imagem da Terra vista a partir de uma posição acima do Pólo Norte.

A imagem foi captada pelo satélite de observação Suomi, lançado em Outubro de 2011.

Foram necessárias 15 órbitas do satélite para que uma de suas câmeras tivesse tempo e longitude suficientes para capturar fotos de toda a região, que foram compostas nesta imagem final.

Perguntas não respondidas

O Suomi representa a nova geração de satélites de observação da Terra, depois da geração EOS (Earth Observing System), com os satélites Aqua, Terra e Aura.

A partir daquelas missões iniciais, que observaram a água, o solo e a atmosfera, a NASA montou um novo programa de observações para responder perguntas que não foram respondidas pelas três missões, ou que surgiram dos dados coletados por elas.

O Suomi gira 14 vezes em torno da Terra todos os dias, em uma órbita polar, o que permite que ele veja quase o planeta inteiro a cada 24 horas.





Maior câmera digital do mundo compartilhará dados com o público

Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/06/2012

Maior câmera digital do mundo compartilhará dados com o público
Do tamanho de um carro e pesando mais de 3 toneladas, a maior câmera digital do mundo rastreará todo o céu do hemisfério Sul a cada semana. [Imagem: LSST Corporation]

Sinopse celeste

Quando o LSST entrar em operação, todo o céu do hemisfério Sul será fotografado a cada cinco dias, em seis faixas diferentes do espectro eletromagnético.

Como a maioria das pesquisas astronômicas tem sido historicamente feita com telescópios no hemisfério Norte, oLarge Synoptic Survey Telescope(LSST) promete adicionar várias páginas que continuam faltando no livro da astronomia mundial.

O Grande Telescópio de Rastreio Sinóptico - uma tradução livre do nome do equipamento - deve seu nome justamente a essa ampla visão do céu: a palavra grega synopsis refere-se a olhar para todos os aspectos de alguma coisa - neste caso, o céu do hemisfério Sul.

E, para olhar bem, o telescópio contará com o maior "olho eletrônico" já construído: uma câmera digital com 3,2 bilhões de pixels.

A atual detentora do título de maior câmera digital do mundo tem 1,4 gigapixel.

Filmes do Universo

Além de vasculhar o Universo em busca de explicações para as elusivas Energia Escura e Matéria Escura, a super-resolução da câmera do LSST permitirá não apenas fotografar, mas verdadeiramente filmar eventos e objetos que se alteram muito rapidamente, como asteroides que ameaçam se chocar com a Terra e explosões de supernovas.

Cada foto do telescópio será uma imagem panorâmica completa, cobrindo uma área equivalente a 49 vezes a área que a Lua ocupa no céu.

Fazendo isto continuamente, serão gerados 6 milhões de gigabytes de imagens astronômicas anualmente, o equivalente a bater 800.000 fotos com uma câmera digital comum de 8 megapixels.

A câmera do LSST, do tamanho de um carro, acaba de receber a luz verde do Departamento de Energia dos EUA, marcando o início da fase de detalhamento final do projeto e escolha dos componentes.

Maior câmera digital do mundo compartilhará dados com o público
O LSST, um telescópio de varredura de 8,4 metros, será instalado em Cerro Pachón, no Chile.
[Imagem: LSST]

Troca de filtros

O sensor de imagem da câmera será formado por um mosaico de CCDs - os sensores das câmeras digitais - com 16 megapixels cada um, compondo uma imagem total de 3,2 gigapixels.

"Com 189 sensores e mais de 3 toneladas de componentes, que precisam ser acomodados em um espaço tão pequeno, você pode imaginar o quão complexo esse instrumento será," disse Nadine Kurita, gerente do projeto da câmera do LSST.

Esta é a maior câmera digital já projetada, e provavelmente será a maior quando terminar sua construção, uma vez que não há projetos concorrentes dessa magnitude em andamento.

Para fazer imagens em seis bandas do espectro, a câmera incorporará seu próprio mecanismo de troca de filtros, além de um inédito sistema de resfriamento, capaz de manter a temperatura no interior da câmera estável o suficiente para não injetar nenhum ruído nas imagens captadas.

Astrônomos cidadãos

O projeto tem ainda uma proposta inédita de compartilhamento dos dados científicos a serem coletados pelo telescópio.

Os dados serão disponibilizados ao público por meio de um site. Qualquer pessoa poderá conectar-se e fazer zooms nas imagens astronômicas, observando objetos que, em sua maioria, nunca foram observados pelo homem.

O projeto inclui ainda ferramentas de análise para que os cientistas-cidadãospossam ajudar os astrônomos a digerir a quantidade astronômica de dados que o LSST coletará todas as semanas.




NASA: asteroide pode atingir a Terra em 2040

Redação do Site Inovação Tecnológica


[Imagem: NASA/JPL-Caltech]
NASA: há chances de que asteroide atinja a Terra em 2040

A expectativa será se, em Fevereiro de 2023, o 2011 AG5 passará ou não através de uma região no espaço que os astrônomos chamam de "buraco de fechadura", medindo 365 quilômetros de diâmetro. 


2011 AG5

Em uma nota confusa divulgada nesta sexta-feira, mostrando um claro conflito entre o desejo de não causar alarme e a necessidade de ater-se com fidelidade às informações disponíveis, a NASA anunciou os resultados das observações do asteroide 2011 AG5.

As observações feitas até o momento indicam que há uma pequena chance de que o asteroide 2011 AG5, descoberto em janeiro de 2011, atinja a Terra em 2040, diz a nota, embora a manchete no site da NASA diga o contrário.

Mas a pequena chance de impacto foi consensual entre os participantes de um encontro internacional promovido pela NASA para discutir as observações do asteroide feitas por astrônomos de todo o mundo, usando telescópios terrestres e espaciais.

O 2011 AG5 mede 140 metros de diâmetro.

Segundo a agência espacial, é provável que as observações ao longo dos próximos 4 anos reduzam a probabilidade do impacto para menos de 1%.

Buraco de fechadura

O nível de risco vai ganhar ainda mais clareza em 2023, quando o asteroide chegará a aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros da Terra.

A expectativa será se, em Fevereiro de 2023, o 2011 AG5 passará ou não através de uma região no espaço que os astrônomos chamam de "buraco de fechadura", medindo 365 quilômetros de diâmetro.

Se ele passar por essa região, a atração gravitacional da Terra poderá influenciar a órbita do asteroide o suficiente para trazê-lo de volta para uma rota de colisão, que ocorreria em 05 de fevereiro de 2040.

Se o asteroide não passar pelo buraco da fechadura, um impacto em 2040 será descartado.

"Dado o nosso entendimento atual da órbita deste asteroide, há apenas uma chance muito remota de que esta passagem pelo buraco de fechadura ocorra," disse Lindley Johnson, do programa NEO, da NASA (Near-Earth Object Observation, observação de objetos próximos à Terra).

Estado de atenção

"Embora haja um consenso geral de que há apenas uma chance muito pequena de que poderíamos estar lidando com um cenário de impacto real para este objeto, continuaremos atentos e prontos para tomar medidas se as observações adicionais indicarem que ele está garantido," disse Johnson.

Vários anos atrás, um outro asteroide, chamado Apophis, foi considerado uma ameaça, com uma possibilidade de impacto semelhante prevista para 2036.

Observações adicionais, feitas entre 2005 e 2008, cientistas da NASA refinaram seus cálculos da trajetória do asteroide, mostrando uma probabilidade significativamente reduzida de um impacto com a Terra.

Embora os cientistas esperem que o mesmo ocorra com o 2011 AG5, eles reconhecem a pequena chance de que as probabilidades calculadas aumentem com os resultados das observações a serem feitas entre 2013 e 2016.

De acordo com os especialistas que participaram do evento, mesmo se essas chances aumentarem, haverá tempo suficiente para planejar missões para mudar o curso do asteroide.




Viajando Pelo Espaço


Scientific American Brasil

Astrônomos registram asteroide “errando a Terra por pouco”

por Eric Hand



Representação de asteroide próximo à Terra.
©Mopic/ Shutterstock


Um pequeno asteroide chamado 2012 KT42chegou a uma distância de três raios terrestres de nosso planeta em 29 de maio, mas não nos atingiu. O evento foi o sexto mais próximo já registrado para qualquer asteroide.

Em um vídeo publicado on-line em 19 de junho, feito por pesquisadores usando a Instalação de Telescópio Infravermelho (IRTF, em inglês) da Nasa, no Havaí, o asteroide aparece fixo enquanto as estrelas ao fundo passam rapidamente (de fato, o asteroide está viajando a 17 km por segundo). “Você tem a impressão de estar viajando com ele”, descreve Richard Binzel, cientista planetário do Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, que comandou as observações. O asteroide chegou a 19 mil km da Terra – a distância entre a órbita da Estação Espacial Internacional (cerca de um raio terrestre) e a de um satélite geossincrônico (cerca de seis raios terrestres).

Horas após o objeto ser descoberto por um pequeno telescópio em Monte Lemmon, perto de Tucson, no Arizona, Binzel conseguiu algumas horas no IRTF. O profundo estudo resultante foi inovador para um objeto tão pequeno.

Ao determinar a composição e refletividade do 2012 KT42, Binzel foi capaz de usar o brilho do asteroide para estimar seu tamanho: cerca de 7 metros de diâmetro. Ele aponta que vários objetos com essa dimensão cruzam o caminho da Terra todos os anos. 

Agora o 2012 KT42  continua sua órbita elíptica de 1,5 anos ao redor do Sol. Mesmo se tivesse atingido a Terra, explica Binzel, ele provavelmente teria se desintegrado na atmosfera. Binzel quer descobrir um objeto que não seja grande o suficiente para apresentar riscos para a Terra, mas o suficiente para ser visto no espaço e depois encontrado no chão como meteorito, como foi o caso do asteroide 2008 TC3 que chegou à Terra no Sudão, em outubro de 2007. “Eu só quero que eles tenham o tamanho certo para virarem amostras”, declara ele. 




Raios gama de Energia Ultra-Alta


Scientific American Brasil

Megapartículas podem indicar matéria escura – e muito mais


por George Musser

©ESA/NASA, projeto AVO e Paolo Padovani  



Há alguns anos, em uma palestra, o astrofísico Trever Weekes comparou as partículas elementares comuns a pernilongos: são muitas e fáceis de encontrar – na verdade, elas é que nos encontram. Mas raios gama de energia ultra-alta, segundo ele, são como elefantes: bastante raros, mas estão entre as maiores das criaturas. Eles geralmente vagam por habitats espetaculares, e seu próprio peso testa os limites das leis da natureza.

Apesar de eles serem possivelmente a radiação eletromagnética mais poderosa conhecida pela ciência – fótons com energia por volta de um teraelétron-volt (TeV), a energia cinética de um pernilongo concentrada em um único quantum – uma vez usados todos os superlativos do dicionário, o que mais se pode dizer? Na época em que assisti à palestra de Weekes, astrônomos haviam encontrado o grande total de 12 fontes celestiais de raios gama com TeVs, e eram sempre os mesmos suspeitos: buracos negros gigantes e seus parentes. Os teragamas não revelaram nada a respeito da ecologia do Universo que os astrônomos já não soubessem.

Tudo isso mudou nos últimos anos. Observatórios catalogaram 136 fontes de TeVs, o suficiente para começar a fazer astronomia sistemática. Essas fontes apresentaram resultados impressionantes, questionando a sabedoria convencional sobre pulsares e trazendo informações sobre a matéria escura.

Os blazares, buracos negros gigantes que por acaso estão orientados de modo a podermos olhar para dentro do cilindro de jatos que espirram (ver imagem), são a maior categoria de fontes de teragama fora de nossa galáxia. Eles já são bem extremos, mas alguns brilham com a intensidade de mil galáxias como a Via Láctea e podem variar seu brilho por um fator de cinco em apenas uma hora – um intervalo intrigantemente curto, rápido demais para a luz ir de uma extremidade do buraco negro a outra. “Esses são alguns dos animais mais selvagens do zoológico astronômico”, compara o astrofísico Chuck Dermer. “Suas luminosidades são simplesmente incríveis”.

Superlativos à parte, no ano passado Christoph Pfrommer, Philip Change e Avery Broderick propuseram que teragamas de blazares têm um papel pouco apreciado no aquecimento do gás intergaláctico. A injeção de energia térmica evitaria que esse gás se transformasse em galáxias – especialmente galáxias pequenas, com campos gravitacionais fracos demais para superar sua tendência à dissipação. Isso pode resolver um dos problemas da cosmologia moderna: o fato de que a matéria escura deveria formar o núcleo de várias mini-galáxias, mas que não parece fazê-lo.

Os blazares listados no catálogo TeV são apenas uma pequena fração dos que existem por aí. Para os nossos instrumentos, todos os outros são uma única mancha, formando um brilho difuso que se espalha pelo céu. Na década de 90, o satélite Compton mediu esse fundo de raios gama a uma energia de 0,1 TeV. Mas com o sucessor do Compton, o satélite Fermi, o brilho de fundo parecia tão diferente que era como se os astrônomos o vissem pela primeira vez. O observatório anterior parecia estar mal calibrado para as energias mais altas.

O lado positivo é que os blazares não são as únicas coisas que banham nosso céu em um brilho difuso de raios gama de alta energia. Dermer explica que eles são responsáveis por apenas um sexto do fundo. O resto deve vir de pulsares, colisões de raios cósmicos produzidos por supernovas, e talvez do decaimento ou aniquilação de partículas de matéria escura. “Ainda não conseguimos explicar a intensidade do fluxo isotrópico”, lamenta o físico Steve Ritz, um dos líderes do projeto Fermi. Astrofísicos se reuniram para discutir esse mistério durante uma reunião especial da American Astronomical Society em Anchorage, na semana passada.

Os pulsares são outro exemplo de como medidas recentes obrigaram os teóricos a voltar para a lousa. Por direito, essas estrelas de nêutrons hiperdensas deveriam estar destituídas de raios gama de energia muito alta. Apesar de essas estrelas poderem produzir gamas desse tipo perto de sua superfície, a magnetosfera a seu redor deveria destruí-los. Os gamas produzidos a altitudes maiores, em comparação, deveriam ser muito mais fracos. “Muitas pessoas nos desencorajaram em relação à pesquisa de emissões de pulsares”, lembra o astrônomo de raios-gama Nepomuk Otte.

Assim, Otte destaca que poucos prestaram atenção quando o observatório Magic encontrou indícios de pulsos de alta-energia do pulsar no centro da Nebulosa do Caranguejo. Mas ele e seus colegas continuaram a pesquisa e, no ano passado, os observatórios Fermi e Veritas confirmaram fótons com até 0,4 TeV. “Isso mudou a ideia que temos sobre a produção de raios gama no pulsar do Caranguejo”, explica Otte. Uma nova ideia é que feixes de elétrons e pósitrons carregam energia para a magnetosfera exterior e convertem-na em raios-gama por lá. Os astrofísicos já sabiam que as estrelas de nêutrons eram complicadas, mas não tãocomplicadas.

Os maiores curingas da astrofísica de teragamas são os chamados aceleradores escuros: fontes de gama TeV que os astrônomos ainda devem classificar como outra coisa; eles não parecem corresponder a nenhuma estrela, nebulosa ou qualquer outro corpo discernível. Eles são tentadoramente marcados na base de dados como “UNID”. Eles podem acabar sendo sistemas conhecidos, como nebulosas com pulsares, mas há sempre a esperança que sejam matéria escura ou outra espécie nunca antes vista.

Para saber de fato o que está acontecendo, os astrônomos precisam de mais do que 136 fontes de TeV. Mil seria mais adequado. Assim, agora planejam a próxima geração de observatórios com telescópios espalhados por um quilômetro quadrado de terra.





Revista quer mudar publicação científica


Folha de S.Paulo


Periódico internacional de baixo custo promete transparência em processo que filtra 
a qualidade das pesquisas

Cientistas terão chance de saber quem são os revisores dos estudos, em geral anônimos; 
acesso será gratuito


GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Uma revista científica com acesso gratuito para o público, transparente quanto às condições de edição dos trabalhos e que cobra taxas de publicação até 90% menores que a concorrência pode sobreviver no bilionário mundo dos periódicos acadêmicos?

Tem muita gente apostando que sim. Parte do entusiasmo se deve a Peter Binfield, que capitaneia a empreitada. Ex-editor da revista científica "PLoS One" e entusiasta do livre acesso à pesquisa, ele ajudou a consolidar o periódico como uma das mais importantes e inovadoras publicações de leitura gratuita.

As novidades da revista, a "PeerJ", começam pelos custos. Em muitos periódicos, em especial nos de acesso livre, os pesquisadores precisam pagar por cada artigo que fazem, e pagam caro. A "PLoS One" cobra US$ 1.350. Esse valor chega a US$ 2.900 na "PLoS Biology".

Na "PeerJ", em vez da cobrança a cada novo artigo, basta pagar uma única taxa de publicação vitalícia. São três "planos". Quem desembolsa US$ 259 pode publicar quantas vezes quiser. A primeira edição da revista sai em dezembro.

Em entrevista à Folha, Binfield disse que, apesar do modelo de "baixo custo", seu projeto é sustentável. "Todos os coautores precisam pagar, e cada artigo tem, em geral, cinco ou seis coautores."
Ele também chama atenção para a transparência no processo de revisão por pares, no qual cientistas independentes avaliam a qualidade de cada trabalho.

Na maioria dos periódicos, as etapas da publicação costumam ser fechadas, e os leitores não têm acesso às possíveis discussões e reavaliações dos artigos.

"Os revisores serão encorajados, mas não obrigados, a revelar sua identidade aos autores. Depois, os autores terão a opção de submeter o 'histórico' da revisão junto com o artigo", afirma.

"É difícil dizer se a revista vai dar certo. Mas ela propõe um modelo novo, que merece ser estudado", avalia o professor da USP e especialista em publicações científicas Rogerio Mugnaini.

O lançamento da publicação pega carona na crescente polêmica sobre os altos preços dos periódicos. A Elsevier, que publica cerca de 2.000 revistas, é alvo de um abaixo-assinado que já tem milhares de assinaturas.

Só em 2011, o governo brasileiro gastou R$ 133 milhões para que 326 instituições de pesquisa tivessem acesso a mais de 31 mil periódicos.




Sputnik de Ubatuba


Folha de São Paulo

Alunos do ensino fundamental de SP montam satélite que será lançado em 2013 nos EUA

Juca Varella/Folhapress
Os alunos da escola municipal Tancredo Neves que estão construindo o satélite e o professor Cândido de Moura

Os alunos da escola municipal Tancredo Neves que estão construindo o satélite e o professor Cândido de Moura

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A UBATUBA

Bruna Sakamoto já fez cursos de eletrônica, tem certificação para soldar componentes nas especificações da Nasa e trabalha na construção de um satélite. Ela é uma engenheira experiente? Não, é uma aluna de 13 anos do ensino fundamental.

Assim como ela, outros 16 alunos da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba, revezam-se entre as tarefas escolares e a construção de um nanossatélite.

O grupo, com integrantes de 12 a 15 anos, está entre os mais jovens do mundo a participar integralmente de um projeto espacial. A ideia foi do professor de matemática Candido de Moura, após ler uma reportagem sobre a venda de kits para satélites.

"Achei que seria uma boa oportunidade para ensinar ciência na prática. Eu só não imaginava que fosse ser tão complicado!", diz ele.

A Interorbital, empresa da Califórnia que vende os kits, adorou a ideia de ter um grupo tão jovem, sobretudo vindos de uma escola pública do Brasil -a maioria dos interessados nos chamados TubeSats são alunos de pós-graduação em engenharia.

A companhia, porém, alertou para as dificuldades.

"O kit não é uma caixinha com todas as peças, em que você só precisa juntar tudo. Ele contém apenas o projeto, os componentes eletrônicos principais e o direito de lançamento. Todo o resto teria que ser desenvolvido pelos alunos", explica o professor.

Ou seja: as crianças precisariam preencher basicamente o "recheio" do satélite que, apesar do tamanho -pesa 750 g e é mais ou menos do tamanho de uma lata de leite em pó-, necessita de tecnologia de ponta.

Afinal, o espaço é um ambiente inóspito para os componentes eletrônicos. Além da radiação cósmica, as grandes variações de temperatura também são um problema.

Um empresário da cidade doou os US$ 8.000 para a compra do kit.

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também abraçou o projeto. Além de ministrar cursos para os professores, o instituto ainda permite o uso de suas instalações no projeto.

Pesquisadores do Inpe também ajudam nos experimentos das crianças, que já fizeram vários cursos e aprenderam na prática conceitos de física que ainda estão distantes do currículo escolar.

"Nós acabamos aprendendo muita coisa antes de ver em sala de aula", diz Bruna, que assim como seus colegas fala com naturalidade sobre a interferência da eletricidade estática no equipamento.

Batizado de Tancredo 1, o dispositivo ficará três meses em órbita. Ele transmitirá uma mensagem-a ser escolhida em um concurso- que poderá ser captada por rádio.

O lançamento está previsto para o início de 2013. Imprevistos, porém já adiaram essa data desde 2010, quando o projeto começou.

"Atrasos sempre acontecem nos programas espaciais", diz o professor, que, já começa os esforços para montar um novo satélite. Dessa vez, com alunos ainda mais jovens da escola.



Até os deuses erram


Folha de São Paulo
MARCELO GLEISER

A sacada genial do filme "Prometheus" é mostrar cientistas alienígenas cujo experimento é o homem Recentemente, escrevi sobre como civilizações extraterrestres ultra-avançadas seriam indistinguíveis de deuses. Escrevi também sobre a privatização da exploração espacial. Por uma dessas coincidências, os dois temas formam a base do novo filme do diretor Ridley Scott, "Prometheus", que assisti no fim de semana passado.

O intuito do filme é explicar a origem do horrendo Alien, estrela (junto com Sigourney Weaver) do clássico de 1979, também de Scott.

Um aviso: não leia esta coluna se ainda não viu o filme.

Em "Prometheus", descobrimos que a "coisa" foi um erro, resultado inesperado de um experimento genético fracassado. A sacada genial do enredo é que os cientistas são alienígenas (os "Engenheiros"), que também criaram a raça humana.

(O título remonta ao mito grego, no qual o titã Prometeu cria os humanos a partir do barro e rouba o fogo dos deuses para benefício de suas criaturas. Por esse ato, Prometeu é condenado a ter seu fígado devorado eternamente por uma águia.)

Milênios atrás, alienígenas estiveram aqui e nos criaram. Sabemos disso porque um casal de arqueólogos descobre ilustrações com a mesma formação planetária nas ruínas de antigas civilizações: maias, egípcios, sumérios. Os arqueólogos sugerem que as imagens apontam para o local de origem dos criadores.
Felizmente, sendo o final do século 21, temos já meios (pela indústria privada) de alcançar outras estrelas e seus planetas. Um bilionário à beira da morte contrata os arqueólogos para uma expedição até o sistema planetário. Seu objetivo, que não revela, é encontrar nossos criadores para que possam salvá-lo da morte: se nos criaram, devem ser capazes de evitar que morramos.

Logo após chegarem à lua cinzenta e metálica de onde vieram os alienígenas, nossos heróis descobrem a terrível verdade: a lua não era a casa dos ETs, mas seu laboratório remoto, onde desenvolveram uma terrível arma biológica, uma doença projetada para destruir a espécie humana. Pelo jeito, nossos criadores queriam nos destruir.

Só que os ETs erraram e perderam o controle de seu experimento: a doença escapou, evoluiu e os matou antes que pudessem ir para a Terra. "Nossos criadores não eram imortais", comenta David, o personagem mais interessante do filme, um androide inteligente e "sem alma", o único que sabia das intenções do bilionário.

Após muita luta e sangue, sobrevivem apenas duas criaturas: a arqueóloga Elizabeth Shaw e o Alien, que, descobrimos, é um híbrido de um dos ETs criadores e de uma espécie de monstro-polvo, gerado por Shaw e seu amante arqueólogo, após ele ter sido contaminado com a doença. O Alien tem avó humana.

O que nos diz o filme? Que criar novas formas de vida é perigoso; que mesmo inteligências capazes de criar vida complexa cometem erros fatais; que é bom ter cuidado com o que se cria, pois a criação pode suplantar o criador -talvez seja por isso que nossos criadores queriam nos destruir, por ter medo que nós os destruíssemos um dia.

O filme não explica (vem aí "Prometheus 2"?). Mas, pelo que vemos no androide David e em suas intenções dúbias, mesmo inteligências ultra-avançadas são incapazes de se livrar do instinto de dominação.
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook:goo.gl/93dHI



Notícias de Marte


por Cássio Barbosa | Observatório G1

Essas últimas semanas foram recheadas de novidades vindas de Marte, ou de perto do planeta vermelho. Algumas dessas notícias não são muito boas. Vamos a elas.


O jipe Opportunity, em solo marciano desde 2004 teve problemas de comunicação com o controle da missão na Terra. Primeiro, ele não conseguiu contatar a sonda Odissey, em órbita de Marte, que, além de fazer sua própria pesquisa, serve de repetidora de sinais entre a Terra e o jipe. Isso por que uma das rodas de reação do satélite ficou emperrada durante alguns minutos, o que o colocou em modo de segurança. Neste modo, as atividades da sonda são reduzidas ao mínimo possível e os seus painéis solares são apontados para receber o máximo de luz possível para garantir que as baterias fiquem plenamente carregadas. Essas rodas têm a função de manter o satélite apontado na direção correta por meio de sua rotação. Cada vez que é necessário mudar a posição do satélite, as rodas – são três no total, cada uma orientada de 90 graus em relação a outra – giram para determinada direção e o satélite reage na direção contrária. Esse método é muito mais preciso que disparar retrofoguetes e tem a vantagem de usar eletricidade, abundante e renovável, em vez de combustível, que tem uma carga finita.

A Odissey possui uma roda extra para caso de necessidade. Logo, assim que ocorreu a falha, esse estepe foi posto em funcionamento, girando a 5 mil rotações por minuto pela primeira vez desde que a sonda foi lançada, em 7 de abril de 2001. Agora, os engenheiros da Nasa estão caracterizando a sonda nessa nova configuração para que ela possa retomar suas atividades de rotina.

Para complicar a situação, uma conexão alternativa com outro satélite em órbita de Marte, o Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, em inglês) também falhou. Nesse caso, aparentemente um problema de alinhamento das antenas do jipe e do MRO impediram uma comunicação adequada. Esse desalinhamento também está sendo investigado, pois não deveria ter acontecido.

Restou ao pessoal da NASA fazer uma “chamada direta” da Terra, usando a rede de antenas destinada a rastrear todas as sondas lançadas no espaço. Apesar das dificuldades inerentes a esta forma de comunicação, o jipe parece estar ainda em plena forma. Os dados recebidos indicam que a produção de eletricidade está bastante adequada, mesmo com os painéis solares cobertos por poeira. O odômetro da Opportunity marca mais de 35 km percorridos no solo marciano.

Finalmente, a equipe que controla a viagem do próximo jipe marciano, o Curiosity, anunciou que conseguiu reduzir as estimativas da área prevista para o seu pouso. Isso é de fundamental importância, pois a área escolhida fica ao sopé de uma montanha, que tem uma depressão no terreno. Se o jipe pousar em algum desses lugares, pode capotar ou nunca conseguir sair dessa vala, jogando toda a missão literalmente no buraco. E por que essa região tão complicada foi escolhida para o pouso? Por que ela é interessante do ponto de vista científico, e vale a pena arriscar. Por enquanto é isso.



Perspectiva das galáxias




À primeira vista, a imagem impressiona: ao que parece, temos uma galáxia passando pela outra. Colisões entre galáxias são eventos relativamente comuns no universo, o post recente “Colisão entre gigantes” mesmo relata um estudo sobre uma colisão envolvendo a nossa própria Via Láctea. Mas a colisão retratada no atual post tem algo de estranho.

Mesmo que uma galáxia bata de frente com outra, o que se observa é que ambas sofrem deformações muito antes da colisão em si. Uma galáxia pode até atravessar a outra, mas não sem perder sua forma original. Tudo culpa da imensa força de gravidade de ambas – uma puxa daqui, outra puxa de lá e as duas vão se deformando como massa de modelar.

Mas então, por que nenhuma das duas parece estar se deformando? Ou pior, como uma das galáxias parece estar deformada no lugar errado? É como se uma estivesse passando dentro da outra, mas apenas a borda se deforma. Como pode?

Muito simples, um truque de perspectiva! E que belo truque!

As galáxias da foto são chamadas de NGC 3314 A e B, sendo A a galáxia vista na frente (com a deformação na parte abaixo e à direita) e B, a galáxia de trás. Mas, voltando ao problema principal, como alguém pode afirmar que as duas galáxias não estão realmente interagindo uma com a outra?

A falta de deformações intensas nas áreas centrais é a primeira pista de que as duas não estão assim tão próximas. Um estudo do movimento de ambas confirma isso e mostra que as duas têm movimentos independentes. Com base nessas medidas (obtidas pelo telescópio espacial Hubble), o time de astrônomos liderado pelo professor William Keel, da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, chegou à conclusão de que as duas galáxias não estão e nunca estiveram em rota de colisão. Mais ainda, as duas estão separadas por dezenas de milhões de anos-luz!

Mas se as duas não estão interagindo uma com a outra, como NGC 3314 A tem essa deformidade tão evidente? Dá para perceber uma “mancha” de estrelas azuis que não seguem os braços espirais da galáxia. A resposta pode ser uma interação com uma terceira galáxia, NGC 3312, vista de perfil, abaixo e à direita, que deve ter passado por perto milhões de anos atrás.

Um alinhamento como esse não só representa um fato curioso, mas também é útil para estudar aspectos da galáxia de trás com detalhes. A motivação desse estudo foi justamente um estudo de NGC 3314 B através da técnica de micro lente gravitacional. Essas lentes gravitacionais são desvios da luz das estrelas da galáxia de trás nas proximidades das estrelas da galáxia da frente, promovendo um efeito idêntico ao de uma lente.

Por Cássio Barbosa
Observatório G1



19 de jun. de 2012

Energia escura e planetas extrassolares são temas de palestra no Planetário da Gávea



No dia 28 de junho, às 19h30, no Planetário da Gávea, acontece a palestra “De planetas extrassolares à energia escura: como o Sloan Digital Sky Survey está mudando a nossa visão sobre o universo”, ministrada pelo pesquisador Michael Wood-Vasey, professor da Universidade de Pittsburg (EUA) e porta-voz do Sloan Digital Sky Survey III (SDSS-III). O evento é promovido pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia – um consórcio envolvendo Observatório Nacional (ON), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) –, e pela Fundação Planetário do Rio. A palestra é aberta ao público, gratuita e apresentada em inglês, com tradução simultânea.

O SDSS-III foi desenvolvido com a colaboração de diversos países, inclusive o Brasil, com o objetivo de realizar um amplo monitoramento do espaço celeste para compreender e buscar respostas para questões sobre o universo. Atualmente na terceira fase, o projeto estuda 1,5 milhão de galáxias visando determinar as propriedades da energia escura, elemento que vem sendo considerado responsável pela expansão acelerada do universo. O estudo também busca conhecer a estrutura, a cinemática e a composição química das partes mais externas da Via Láctea e monitorar estrelas para detecção de planetas gigantes.

O Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia, sediado no Observatório Nacional, foi criado com a finalidade de dar suporte à participação brasileira em experimentos científicos utilizando os dados provenientes de grandes levantamentos astronômicos, entre eles o SSDS-III. Desde janeiro de 2011, os dados públicos do SDSS são distribuídos para a comunidade científica pelo LIneA.

SERVIÇO
Palestra: De planetas extrassolares à energia escura
Onde: Planetário da Gávea (Rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100, Gávea)
Data: 28 de junho, quinta-feira
Horário: 19h30
Entrada franca






Experimentos do Observatório Nacional despertam interesse sobre o magnetismo da Terra


O estande do Observatório Nacional (ON) atraiu a atenção dos participantes da Rio+20 que visitaram o Espaço Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, montado no Armazém 4 do Cais do Porto. Durante os três dias de exposição do ON, os experimentos apresentados pelo ON encantaram alunos, professores e os diversos públicos presentes.

Fillipe Siqueira, um dos expositores, conta que as crianças ficavam mais fascinadas com a parte lúdica dos experimentos, mas os adolescentes se encantavam e compreendiam as explicações sobre o campo geomagnético. “Para eles, o magnetismo da Terra passava a fazer sentido. Já os professores apresentavam questões mais profundas e complexas que puderam ser esclarecidas”, relata Fillipe.

Ao todo, foram quatro experimentos para demonstrar o campo geomagnético. Os monitores do estande – alunos da Pós-Graduação em Geofísica do ON – organizaram a explicação a partir da evolução teórica sobre o magnetismo da Terra, desde a teoria que acreditava na existência de um imã no centro do planeta até a teoria do geodínamo, a mais aceita atualmente.

O campo magnético da Terra é uma forma de manifestação de energia em torno de um corpo magnetizado ou de um condutor de corrente elétrica. Sua principal fonte são as correntes elétricas que fluem no núcleo externo da Terra. Este campo gerado no núcleo pode ser detectado em todo o planeta, e fora dele também, funcionando como um escudo que protege a Terra da radiação solar. Sem ele, a vida como a conhecemos estaria comprometida, inclusive com o desaparecimento de diversas espécies animais e vegetais.

A variação do campo geomagnético é um fenômeno absolutamente natural, decorrente da dinâmica da Terra e do Sol, sobre a qual não é possível haver qualquer interferência humana. Conhecer o campo geomagnético é fundamental para compreender sua importância, seus impactos, suas variações e também para identificar as alterações naturais e diferenciá-las de outros fenômenos que podem ser provocados pela ação humana.
Devido à importância de compreender o campo geomagnético, o Observatório Nacional atua na implantação da Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos (Rebom), voltada ao monitoramento do campo magnético em áreas selecionadas do território brasileiro, com um conjunto de observatórios fixos e itinerantes. A Rede tem grande relevância, sobretudo, porque o Brasil tem localização privilegiada para estudar algumas importantes feições do campo geomagnético.















18 de jun. de 2012

Inverno começa oficialmente às 20h09 do dia 20 de junho


18/06/2012


Este ano, o inverno começa oficialmente no próximo dia 20 de junho, às 20h09, horário de Brasília, e termina às 11h49 do dia 22 de setembro, quando inicia a primavera. A pesquisadora Josina Oliveira do Nascimento, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional, destaca que essas datas podem variar de um ano para o outro. Isso ocorre porque o período de translação da Terra não é de 365 dias, como o calendário considera, mas é de precisamente de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos. 

Josina explica que o início das estações é observado pelo comprimento do dia e da noite, que varia conforme a latitude. Do início da primavera até o início do verão, o Sol nasce cada dia mais cedo e se põe cada dia mais tarde, até que a entrada do verão marca o maior dia e a menor noite do ano. Daí até a entrada do outono, os dias se tornam cada vez menores e as noites cada vez maiores, até que no dia da entrada do outono o comprimento da noite é igual ao comprimento do dia. As noites, então, vão aumentando, até a chegada do inverno, quando temos a maior noite do ano. A partir disso, as noites diminuem até a chegada da primavera, quando novamente o dia e a noite tem o mesmo comprimento. A entrada do verão e do inverno é marcada, então, pelo “solstício” – comprimento diferente do dia e da noite –, enquanto primavera e outono, pelo “equinócio” – dia e noite com comprimento igual.

De acordo com a pesquisadora, os fenômenos são estudados tomando-se como ponto de observação a Terra. Por esse aspecto, observa-se a altura do Sol em relação à linha do equador do planeta. Assim, a entrada do inverno e também do verão se dá quando o Sol está aparentemente mais distante dessa linha, o que resulta nos comprimentos diferenciados do dia e da noite, fenômenos conhecidos como solstício. No hemisfério sul, onde está o Brasil, no solstício de inverno, o efeito percebido é a noite mais longa e o dia mais curto do ano. 

Confira mais detalhes do fenômeno na entrevista com a pesquisadora Josina Oliveira do Nascimento, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional.

ONews: O que marca o solstício de inverno? 
Josina Oliveira do Nascimento: Para explicar esse nome apresento abaixo uma figura que mostra a Terra no centro e o Sol fazendo a órbita em torno da Terra. Essa maneira de olhar os fenômenos chama-se geocêntrica por ter a Terra no centro. Estudamos os fenômenos como vistos da Terra. Na figura, vemos que a altura do Sol em relação ao equador celeste (que é a continuação do equador terrestre) vai aumentando até que, no solstício de inverno, começa a diminuir. É como se o Sol desse uma parada. A palavra solstício quer dizer exatamente isso: Sol parado. Pela figura vemos facilmente que o mesmo ocorre no início do verão, que é marcado pelo afastamento máximo do equador celeste: é o solstício de verão.



Figura: Estações do ano
 [Imagem adaptada a partir de figura extraída do livro Astronomia e Astrofísica, 
de Maria de Fátima Saraiva e Kepler Oliveira]


ONews: Por que o solstício não ocorre sempre no mesmo dia do ano? 
Josina Oliveira do Nascimento: O ano bissexto foi criado para aproximar o ano civil gregoriano do ano trópico, que é o tempo de translação aparente da Terra: exatamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,08 segundos. Essa diferença de quase seis horas é a principal razão para que os fenômenos decorrentes da translação da Terra ocorram às vezes em um dia, às vezes no dia anterior ou posterior. A tabela abaixo apresenta os instantes do solstício do inverno no hemisfério sul, nos últimos anos, no horário de Brasília.


ANO
Data do Solstício de Inverno / Horário de Brasília
2004 (ano bissexto)
20/06 às 21h57min
2005
21/06 às 03h46min
2006
21/06 às 09h26min
2007
21/06 às 15h06min
2008 (ano bissexto)
20/06 às 20h59min
2009
21/06 às 02h46min
2010
21/06 às 08h28min
2011
21/06 às 14h16min
2012 (ano bissexto)
20/06 às 20h09min








14 de jun. de 2012

Estande do ON é destaque no Bom Dia Rio


Em reportagem sobre a Rio+20 veiculada nesta quinta-feira, dia 14, o Bom Dia Rio divulgou o experimento que o Observatório Nacional está apresentando no Espaço Popularização da Ciência.

Clique aqui e assista o vídeo!


Espaço Popularização da Ciência movimenta a zona portuária até o dia 22 


A programação completa do espaço está disponível no site  www.popciencia.org.br/.

Para saber mais sobre a Rio+20 e acompanhar as atividades  realizadas em outros locais do Rio de Janeiro, acesse  www.rio20.gov.br/.



Ministro visita estande do Observatório Nacional na Rio+20

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, visitou o estande do Observatório Nacional na Rio+20 nesta quarta-feira, dia 13, primeiro dia do evento.

Na abertura do Espaço Popularização da Ciência, no Armazém 4 do Cais do Porto, os experimentos em geomagnetismo apresentados pelo ON fizeram sucesso e atraíram o público.

Em exposição até sexta-feira, dia 15, os experimentos educativos permitem ao visitante compreender as principais características do campo geomagnético, onde ele é formado e como ele se apresenta na superfície da Terra. Por meio dos experimentos, é possível também entender porque a hipótese de que o campo seria formado por um imã no centro da Terra foi abandonada em favor da teoria do geodínamo.

O campo magnético da Terra é uma forma de manifestação de energia em torno de um corpo magnetizado ou de um condutor de corrente elétrica. Sua principal fonte são as correntes elétricas que fluem no núcleo externo da Terra. Este campo gerado no núcleo pode ser detectado em todo o planeta, e fora dele também, funcionando como um escudo que protege a Terra da radiação solar.

O estande do ON pode ser visitado até sexta-feira, dia 15, das 9 às 19 horas, 
no Armazém 4 do Cais do Porto, pela entrada 1B.


Ministro de CT&I, Marco Antonio Raupp, visita-estande do ON
 
Diretor do ON, Sergio Fontes, visita exposição na Rio+20


Expositor do ON explica o campo magnético da Terra a estudantes de ensino fundamental


Expositor do ON explica o campo magnético da Terra aos visitantes

 
Expositor do ON explica teoria do eletroimã aos estudantes


Estudantes acompanham a explicação sobre a origem do campo magnético da Terra







13 de jun. de 2012

NASA testará escudo de reentrada inflável


Redação do Site Inovação Tecnológica


Escudo inflável

A NASA anunciou que está tudo pronto para o último teste de viabilidade técnica de uma nova tecnologia de escudo de reentrada inflável.

NASA testará escudo de reentrada inflável
A estrutura térmica inflável, preenchida com nitrogênio antes de iniciar a reentrada, funcionará tanto como proteção térmica, quanto como freio aerodinâmico. [Imagem: NASA]

O escudo, chamado IRVE (Inflatable Re-entry Vehicle Experiment: veículo experimental de reentrada inflável), fará seu teste definitivo em um voo orbital, levado por um foguete de sondagem.

Acondicionado de forma semelhante a um guarda-chuva, o equipamento mede 3,05 metros de comprimento por 56 centímetros de diâmetro.

Quando o foguete atingir seu ponto mais alto, um sistema automático irá inflar os tubos que dão a forma ao escudo, que estenderá um cobertor térmico que cobrirá o IRVE como um todo.

Esse escudo de calor irá proteger a carga útil do teste, que consiste em quatro segmentos, incluindo o sistema inflável, mecanismos de direção, equipamentos de telemetria e equipamentos de fotografia e filmagem.

Teste orbital

Após o lançamento, o foguete subirá 462 quilômetros, uma altitude maior do que a que se encontra a Estação Espacial Internacional.

Os testes anteriores do IRVE foram feitos em voos suborbitais, nos quais o tempo do teste, mas sobretudo a velocidade de reentrada, são menores.

O IRVE vai se separar do foguete de sondagem, uma carga de nitrogênio será bombeada para inflar seu aeroescudo e, em seguida, o conjunto inteiro cairá de volta através da atmosfera da Terra.

Durante a reentrada, que ocorrerá sobre o Oceano Atlântico, câmeras e instrumentos transmitirão imagens e dados para os pesquisadores em terra.
NASA testará escudo de reentrada inflável
À esquerda, o processo de enchimento do escudo inflável. À direita, a visualização superior e inferior do escudo já inflado. [Imagem: NASA/AMA]


Desacelerador aerodinâmico

O aeroescudo IRVE faz parte de um projeto da NASA chamado HIAD (Hypersonic Inflatable Aerodynamic Decelerator, desacelerador aerodinâmico hipersônico inflável, em tradução livre.

"O HIAD dará à NASA mais opções para futuras missões planetárias ou para trazer cargas de volta para a Terra," afirmou Neil Cheatwood, chefe do projeto.

"Quando vamos para outros planetas com atmosfera, nós de fato usamos essa atmosfera como um freio, usando um aeroescudo ou um desacelerador aerodinâmico. Mas o tamanho desses escudos térmicos atualmente é limitado. Nós não conseguimos construí-los maiores do que o diâmetro do veículo de lançamento," explica ele.

Isto porque o escudo é aplicado sobre a própria superfície da nave.

Um escudo térmico inflável, que se expande em órbita, funcionará tanto como proteção térmica quanto como freio aerodinâmico, permitindo acomodar cargas maiores, oferecendo proteção para instrumentos científicos maiores e mais pesados.


















Tempestade solar rara atinge a Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica 

Tempestade solar rara atinge a Terra
As partículas eram tão rápidas e com uma energia tão alta que, quando colidiram com átomos na atmosfera da Terra, provocaram uma chuva de partículas, geradas em cascata, em direção à superfície.[Imagem: Simon Swordy/University of Chicago, NASA]




Chuva de partículas cósmicas

No dia 17 de Maio último, explodiu na superfície do Sol uma erupção classe M.

A erupção disparou uma rajada de partículas solares, viajando quase à velocidade da luz, que atingiu a Terra cerca de 20 minutos depois.

Uma erupção classe M é considerada "moderada", pelo menos 10 vezes menos potente do que as super erupções classe X.

A maior ejeção de massa coronal do atual ciclo solar - o Sol tem ciclos de atividade que duram 11 anos - ocorreu em Agosto do ano passado, chegando a X 6,9.

Mas as partículas que nos atingiram em 17 de Maio eram tão rápidas e com uma energia tão alta que, quando colidiram com átomos na atmosfera da Terra, provocaram uma chuva de partículas, geradas em cascata, em direção ao solo.

Reforço ao nível do solo

A chuva de partículas criou o que se chama GLE - Ground Level Enhancement um aumento do fluxo de raios cósmicos ao nível do solo.

GLEs são muitos raros - foram observados menos de 100 desses eventos nos últimos 70 anos, quando foram construídos os primeiros instrumentos capazes de detectá-los.

Além disso, este foi o primeiro GLE do atual ciclo solar - um ciclo marcadamente morno, que está longe do máximo esperado.

No solo e no espaço

Este GLE deixou os cientistas animados também por outro motivo.

Além dos observatórios no solo, eles puderam coletar dados com o observatório russo/italiano PAMELA, o mesmo que descobriu um anel de antimatéria ao redor da Terra.

Partículas solares já haviam sido medidas antes, mas o PAMELA é sensível justamente às partículas de alta energia que alcançaram o nível do solo.

A comparação dos dados no espaço e no solo poderá ajudar os cientistas a entender o que gera esse fenômeno climático espacial.

Não se sabe quase nada a respeitos dos GLEs, sobretudo como é que uma erupção solar tão pequena - de classe M - consegue produzir partículas de tão alta energia, necessária para causar um GLE, quando tempestades muito maiores, de classe X, normalmente não produzem o evento.




Será que devemos ir ao espaço?


MARCELO GLEISER

Impedir a exploração humana do espaço é ir contra a história; somos exploradores por natureza

Já que na semana passada escrevi sobre como alienígenas ultra-avançados seriam indistinguíveis de deuses, hoje queria ir na direção oposta e explorar o nosso papel como exploradores cósmicos. O assunto foi inspirado pela missão sensacional do módulo Dragon, da empresa SpaceX, o grupo privado que na semana passada acoplou pela primeira vez uma cápsula à Estação Espacial Internacional, inaugurando uma nova era na corrida espacial.

Existem duas escolas de pensamento no que tange a nosso papel na exploração espacial. Membros da primeira argumentam que, do ponto de vista de custos e rapidez de resultados, missões robóticas são de longe melhores. Os sucessos até aqui são mesmo notáveis: por exemplo, a exploração dos planetas gigantes do Sistema Solar (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) pelas missões Voyager 1 e 2 e, mais recentemente, as missões Galileu e Cassini; os veículos de exploração de Marte, guiados por controle remoto daqui da Terra, e a nova missão que deve chegar lá no dia 6 de agosto, com um veículo de exploração bem maior do que seus antecessores. Exemplos não faltam, provando que podemos aprender enviando máquinas ao espaço. É bem mais barato do que enviar humanos e ninguém corre risco de morte.

A segunda escola defende que humanos precisam ir ao espaço. É nossa prerrogativa enquanto espécie inteligente, nosso mandato cósmico. As crianças adoram a ideia de explorar o espaço e muitos se interessam por ciência por causa disso.

Na prática, ter humanos in situ é muito eficiente, pois não só improvisamos como não somos bloqueados por pedras ou sofremos dano em painéis solares e antenas. (Se bem que nosso equipamento pode sofrer esses e outros danos.)

Existem muitas razões para enviar humanos ao espaço, algumas científicas e outras mais românticas. Devemos agora adicionar "dinheiro" entre elas, já que se pode ganhar muito com a exploração privada do espaço -mineração, pesquisa, projetos governamentais, turismo e outros. O grupo SpaceX, por exemplo, tem um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Nasa para entregar equipamentos à Estação Espacial Internacional.

Idealmente, a resposta deveria combinar as duas posições: robôs são necessários, pois podem ir aonde não podemos, realizar tarefas para nós impossíveis e nos poupar de riscos desnecessários. Por outro lado, impedir a exploração humana do espaço é ir contra a história da nossa espécie. Somos exploradores por natureza, muitas vezes sem nos importar com os riscos.

Tenho certeza que, se um programa desenvolvesse uma viagem apenas de ida a Marte, não faltariam voluntários dispostos a chegar lá para serem imortalizados pela história da humanidade e para manter nosso expansionismo vivo.

Difícil imaginar que nosso futuro não será no espaço e que, dentro de alguns milhões de anos, não seremos nós os colonizadores de boa parte da galáxia. Pode até ser que encontremos "outros" pelo caminho -se bem que seu silêncio até aqui parece indicar sua raridade ou sua ausência (ou falta de interesse na nossa espécie). Já que, com tecnologias atuais, a viagem até a estrela mais próxima demora uns 100 mil anos, é bom começarmos logo.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook:goo.gl/93dHI